No livro "Sob a redoma", de Stephen King, moradores de uma cidade se deparam com o aparecimento de uma bolha ao redor do local, que embora fosse invisível, impeida o contato dessas pessoas com o mundo exterior. Já no mundo real, no contexto da Revolução Técnico-científica-informacional, técnicas de manipulação de dados colocam usuários de redes sociais nas chamadas "bolhas sociais". A bolha social, como a do livro do escritor estadunidense, é de difícil percepção, mas é uma verdadeira à construção de uma sociedade diversificada. Ela se forma partindo da posse, por grandes empresas como Google e Facebook, de diversas informações dos usuários de seus serviços. Assim, traçando um padrão de práticas, sistemas automatizados recomendam, na rede social, somente o que presume-se que o indivíduo gostaria de ver. No ponto de vista da empresa, essa atitude é boa, pois a experiência de uso será mais prazerosa, mas isso coloca o indivíduo em um sistema perto do hermético, por simplesmente não colocá-lo em contato com contextos diferentes. Em uma abordagem habermasiana, do filósofo e sociólogo alemão Jurgen Habermas, essa falta de contato com o que lhe é contrário transtorna a própria ética, por ele caracterizada como uma construção do diálogo. Dessa forma, sem oposição de discursos, o diálogo não se desenvolve e a ética não cresce. Essa inércia suscita diversos problemas, mormente a intolerância, fator extremamente presente na sociedade brasileira, principalmente na discriminação e marginalização de grupos minoritários. Buscando afetar a inércia presente nessas bolhas para restaurar o desenvolvimento ético do Brasil e do mundo, ações devem ser tomadas. O Poder Legislativo Brasileiro deve regulamentar o uso de informações dos cidadãos em sua experiência de navegação da internet, como exemplo de países europeus recentemente. Ademais, a sociedade deve exigir da iniciativa privada que os algoritmos de recomendação sejam repensados por quem gerencia esses dados, de forma a não somente colocar o indivíduo frente a opiniões e assuntos relacionados aos seus interesses diretos nas redes sociais. Dessarte, juntando essas atitudes, a diversidade pode, ironicamente, se tornar o interesse pessoal a ser recomendado.