O professor e filósofo alemão Schopenhauer afirmava que “todo homem que toma os limites de seu próprio campo de visão como os limites do mundo, possui uma visão apática da sociedade”. Analisando e relacionando o pensamento à realidade brasileira, percebe-se que o crescimento de movimentos ideológicos, da intolerância e de noticias falsas são consequências da segregação entre grupos diferentes e seu princípio causador: as bolhas sociais. No ponto de vista histórico, deve-se salientar que dificilmente algum país já se beneficiou pelo fundamentalismo baseado em uma visão maniqueísta. Nessa perspectiva, no regime nazista imposto pelo ditador alemão Adolf Hitler, por exemplo, as propagandas e mentiras do governo foram responsáveis pela convergência de idéias de um grupo específico, reforçando idéias preconcebidas, de maneira que o fanatismo levou a vontade do líder valer muito mais que a lei. Em suma, quando a pessoa esta envolvida nos extremos das bolhas, ela age sem perceber o lado negativo, gerando intolerância, discurso de ódio e até mesmo a morte de milhões de pessoas, como o holocausto. Outrossim, é necessário ter em mente que, para criticar algo, é preciso conhecê-lo primeiro. Sendo assim, quando o indivíduo se insere em um ambiente extremamente polarizado, a liberdade se torna relativa, pois suas idéias passam a ser controladas por um grupo de pessoas, perdendo a capacidade de autocrítica. Aliás, é algo que o filósofo Rosseau define como contrato social, ou seja, as pessoas acabam aceitando qualquer informação, mesmo as falsas, caso a bolha em que estão inseridas compartilhem. Prova disso, foi a disseminação de fake news sobre a vida de Marielle Franco por páginas e seus milhares de seguidores contrários ao posicionamento político da vereadora. Portanto, fica claro que é imprescindível mudar o cenário para que o debate público possa ser cultivado democraticamente. Dessarte, o Ministério da Educação deve instaurar projetos pedagógicos que promovam o respeito e, sobretudo, o conhecimento de diferentes culturas e pensamentos, a fim de evitar a apatia descrita por Schopenhauer; além de o Legislativo trabalhar em projetos de lei que combatam a veiculação de notícias infundadas e o filtro que indica quem irá recebê-las, por meio de multas aos responsáveis. Dessa forma, as bolhas sociais serão extintas e, em seu lugar, um mundo, em que a alteridade e isonomia prevalecem, aparecerá.