A chamada “bolha social” é um novo termo utilizado para se referir ao acesso, pelos usuários da internet, a apenas conteúdos de seu interesse, limitando ideias e opiniões diferentes. Com o acirramento do debate político e a popularização das redes sociais, esse tema ganha destaque, dada as graves consequências dessa prática. Nesse sentido, fatores de ordem econômica, bem como social, caracterizam o surgimento e os desdobramentos, respectivamente, desse fenômeno atual. É importante pontuar, de início, a influência de interesses financeiros no direcionamento das informações no meio virtual. À guisa do pensamento de Marx a busca pelo lucro é incessante em um mundo capitalizado. Essa realidade torna-se evidente na tentativa de grandes empresas de, com a participação das redes sociais e do Google, personalizar os anúncios e propagandas para efetivar o fim comercial desse meio. Esse fato, entretanto, é responsável pela criação das bolhas sociais, em que os grandes sites cercam seus usuários de conteúdos de seu interesse para estimular o uso daquela plataforma. Assim, ao limitar o meio virtual com apenas ideias favoráveis aos indivíduos, é criado um espaço de alienação. Nesse contexto, o fenômeno das bolhas acarreta graves impasses ao convívio em sociedade. Com o acesso exclusivamente a opiniões e conteúdos similares, os usuários, muitas vezes, tornam-se fechados e incapazes de lidar com pensamentos diferentes. Dessa forma, os indivíduos apenas reafirmam seus conceitos e negligenciam a importância de um debate saudável. Diversos especialistas, ainda, associam o crescimento das bolhas sociais a um aumento da intolerância, fortemente presente nos dias atuais. Esse fator é ratificado pela marcha racista de 2017 em Charlottesville nos EUA, em que foi utilizado das redes sociais para coordenar e organizar esse movimento de supremacistas brancos. É notória, portanto, a relevância de fatores econômicos e sociais na problemática supracitada. Nesse viés, a mídia, enquanto difusora de novos comportamentos e opiniões, deve conscientizar a população acerca dos riscos das bolhas sociais. Essa intervenção deve contar com propagandas e telenovelas que abordem o assunto a fim de estimular um posicionamento dos brasileiros acerca desse fenômeno, buscando minimizá-lo. Ademais, cabe aos grandes sites de redes sociais, como o Facebook e o Google, mediante a pressão popular, alterar a forma como as informações são dispostas nesse espaço. A ideia da medida é, a partir da disponibilização de diversas informações e opiniões aos usuários, desconstruir as bolhas e promover uma sociedade mais tolerante e disposta ao diálogo.