Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: As consequências das bolhas sociais no Brasil contemporâneo

Redação enviada em 04/07/2018

Reconhecido mundialmente pelo sincretismo cultural, o Brasil sofre devido à crescente manifestação de grupos caracterizados pela segregação, pela intolerância e acentuada violência para com os considerados diferentes. Como resultado, os crimes cometidos contra minorias crescem vertiginosamente, assim como o medo e a sensação de insegurança em meio à população. Nesse contexto, o acesso à internet auxilia no fomento de informações limitadas e partidárias, atuando significativamente para a formação de ilhas ideológicas, extremamente nocivas ao Estado Democrático de Direito. De acordo com pesquisa realizada pelo instituto inglês ‘We Are Social’, o Brasil é o terceiro país onde mais se passa tempo navegando na internet. Além disso, esse instituto constatou que a maior parcela desse tempo é despendida em aplicativos de interação social, onde são compartilhados conteúdos. Cientes disso e aproveitando-se do poder que têm, as grandes plataformas como Facebook, Google e Amazon lançam mão de ferramentas tecnológicas para filtrar as informações de acordo com as preferências dos usuários, proporcionando a esses um ambiente ideologicamente cômodo e seguro, semelhante a uma cápsula de sobrevivência. Dessa forma, segundo Richard Garret, especialista em comunicação online, ao navegar em certas páginas, o usuário acaba se tornando refém de uma câmara de eco ideológica, na qual somente as ideias e perspectivas mais próximas das crenças pessoais do indivíduo são isoladas da totalidade, intensificadas e amplificadas. Uma vez nessa câmara, os internautas deixam de observar o todo e passam a construir uma visão parcial da realidade, instigando, dessa forma, um sentimento de aversão a tudo o que for diferente da sua própria opinião. Por conta disso, movimentos homofóbicos radicais surgiram e ganharam força nas redes sociais no Brasil devido à inexistência de mecanismos impeditivos à intensificação e propagação de ideais intolerantes. Como resultado, no ano de 2017 os dados do Ministério dos Direitos Humanos apontaram um aumento de 30% no número de denúncias de abusos cometidos contra o público LGBT em relação ao ano anterior, ratificando o crescimento da intolerância e da violência praticadas contra esses cidadãos. Ademais, informações publicadas pelo Grupo Gay da Bahia escancaram a elevada letalidade desses crimes no Brasil, onde, a cada 19 horas, uma vítima é morta em crimes motivados pela homofobia - fato que, segundo o grupo, confere ao país o vergonhoso título de mais perigoso do mundo para a comunidade LGBT. Sendo assim, a análise de dados e situações demonstra que a prática desse tipo de manifestação violenta, antes atribuída à falta de informação por parte dos agressores, hoje, infelizmente, é alimentada justamente por informações contidas em bolhas sociais. Considerando a gravidade da situação e buscando garantir aos cidadãos o direito às liberdades civis e às garantias constitucionais fundamentais, o uso sadio e construtivo das redes sociais deverá ser prioridade para os gestores das plataformas online que, por sua vez, deverão prevenir a formação das bolhas sociais por meio do banimento da utilização de algoritmos de busca responsáveis pela filtragem e limitação de assuntos, permitindo que os assinantes recebam notícias variadas. No mesmo sentido, as redes sociais deverão incluir cláusulas de adesão à prática da tolerância em suas páginas para que haja o favorecimento da veiculação de conteúdos diversos, bem como a identificação e exclusão dos infratores dessas regras, estimulando, assim, o respeito mútuo entre os usuários. Por fim, caberá aos internautas o exercício consciencial de que todos fazem parte da exuberante diversidade brasileira e, por esse motivo, respeitar o diferente é, antes de mais nada, respeitar a si próprios.