Para o filósofo Schopenhauer, o isolamento e a solidão de cada indivíduo ocorrerá em conformidade com seu valor intelectual. De maneira análoga a esse pensamento, o fenômeno chamado bolha social, em que as pessoas são isoladas com suas próprias preferências, corrobora afastamento e intolerância ao diferente e desconhecimento. As redes sociais, potenciais construtoras das bolhas, utilizam-se de estratégias disfarçadas - como enquetes e testes conhecidos como “quiz” - e acessam recursos supostamente confidenciais para traçar o perfil dos usuários e, assim, apresentar ideias e opiniões apenas de seu interesse. A partir desse processo, cria-se indivíduos alienados e segregados, pois não aceitam posicionamentos diversos daqueles que o cercam e se afastam. Todavia, as consequências vão além do afastamento e da intolerância. Segundo Freud, os seres humanos deveriam ser “desejantes do saber”. Mas, uma vez que se encontram sob uma doma, se acomodam em suas próprias verdades, refutando o conhecimento das mais diversas áreas e permanecendo no ciclo vicioso que varia desconhecimento e intolerância - o desconhecimento gera intolerância, e intolerância gera desconhecimento. Sob essa perspectiva, a alteração de tal cenário pode ser feita a partir do Poder Legislativo, com sua função de organizador social, com a implementação de leis que proíbam a propagação de anúncios e ideologias direcionadas, tornando os usuários “desejantes do saber” e, a partir do contato com setores de conhecimento diversos, mais tolerantes.