Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: As consequências das bolhas sociais no Brasil contemporâneo

Redação enviada em 03/07/2018

A publicação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, feita pela ONU em 1948, trouxe à sociedade uma reflexão acerca da liberdade, igualdade e dignidade humana. Todavia, não obstante, a ascensão da tecnologia possibilitou a formação de bolhas sociais, no cenário hodierno, marcadas pela homogeneidade de gostos e pensamentos, os quais, não raro, despertam a sensação de superioridade e coloca em xeque a liberdade proposta pelo documento. Desse modo, convém destacar as repercussões dos diversos “círculos” no tecido social, seja a partir de práticas intolerantes ou preferências sociais. Cabe pontuar, em um primeiro plano, a ascendência da intolerância no contexto social. Nesse sentido, sabe-se que o nazismo alemão, ocorrido no século XX, foi caracterizado pela crença na superioridade do povo alemão, em detrimento dos judeus ali existentes. Dessa forma, o não contato dos arianos com a etnia judaica impossibilitou a troca de experiências e conhecimentos entre essas duas populações, uma vez que a aversão ao diferente foi fator preponderante naquele contexto. Atualmente, sob o mesmo ângulo, a formação de grupos sociais caracterizados por ideias unânimes é resultado do falso ideário de que “gosto não se discute”, o que faz com que os indivíduos limitem-se àquilo que opera como preferência. Logo, nota-se a inflexibilidade como impacto dos vários “universos” no meio social. Vale ressaltar ainda, as implicações das bolhas sociais no processo de socialização dos cidadãos. Segundo o sociólogo francês Pierre Bourdieu, o desenvolvimento humano se dá por meio do “habitus primário e secundário”, sendo o último, por sua vez, marcado pela interação com grupos sociais diferentes do grupo familiar. Mediante esse pensamento, é inegável que a relação social definida pelas mesmas opiniões e preferências limita o conhecimento acerca de outras culturas e, consequentemente, colabora para a disseminação de diversos “mundinhos” em uma única sociedade. Com isso, percebe-se que o “habitus secundário” é prejudicado pela não interação com grupos distintos. Infere-se, portanto, a necessidade de medidas que atuem na mitigação dos efeitos advindos das bolhas sociais no Brasil. Nessa perspectiva, é essencial que o Estado, na figura do Poder Legislativo, crie um projeto de lei que proíba o monitoramento virtual dos gostos dos indivíduos, por meio da aplicação de multas às organizações responsáveis pela veiculação apenas de assuntos que julgam fazer parte do gosto dos usuários dos meios de comunicação, com o fito de promover a tolerância no âmbito social. Ademais, é mister a atuação das escolas, em parceria com os pais dos discentes, no desenvolvimento de projetos de cunho educativo caracterizados por temas de referência mundial, a fim de despertar o interesse dos alunos por diferentes assuntos e culturas. Só assim, a aversão ao novo deixará de ser um problema, e garantir-se-á a liberdade proposta na Magna Carta.