O conceito de "bolha" é muito claro: é tudo aquilo que nos limita, mas, ao mesmo tempo, nos protege, é tudo aquilo que nos ilude sobre a natureza da realidade e, ao mesmo tempo, serve como apoio para prosseguirmos vivendo. Nesse sentido, é importante destacar que a bolha social, expressão muito falada ultimamente, visto que a nova realidade em redes virtuais de interação nos classifica quanto aos nossos gostos e preferências, possui consequências tanto positivas como negativas. Primeiramente, vale ressaltar que o misoneísmo leva à estagnação, ou seja, o ato de não aceitar o pensamento diferente faz com que não haja debates e consequentemente ausência de novos pensamentos, já que toda síntese é produto de uma tese somada a sua antítese. Nesse contexto, tem-se destacado uma cultura muito relativista na sociedade contemporânea, o que é explicado como: "O que é verdade para mim, pode não ser verdade para o outro, mas como eu não pretendo impor meu conceito de verdade a ninguém, também não aceito que ninguém me apresente ou imponha outra interpretação da verdade". Logo, compreende-se uma limitação, a falta de um desenvolvimento. Em segundo plano, apesar de ser um assunto muito discutido na filosofia, como Sócrates defendia a aquisição de conhecimento por meio da dialética, que é o conflito de opiniões, a bolha pode representar também, em sentido oposto, uma forma de proteção, de distanciamento daquelas opiniões que por ser contraditórias, só provocariam aborrecimentos. Se para alguém é terrível a legalização do aborto, visto que para esta é um ato de homicídio, debater com aqueles que aprovam por compreenderem a partir de outro ponto de vista só geraria conflito sem solução, pois, o relativismo volta aqui e determina a não existência de verdade absoluto, nessa situação não há certo ou errado universal, mas uma definição que depende de um conjunto de crenças daquele que julga. Dessa forma, como há consequências positivas e negativas da bolha social, é necessário saber quando ultrapassar seu limite e quando permanecer para autoproteção. Em termos de política, praticar a dialética é essencial, já na questão religiosa, manter-se na sua zona de conforto por uma crença é a melhor opção. Assim sendo, é possível e preciso conviver com os efeitos das bolhas sociais.