O conceito de "bolha" é muito claro: é tudo aquilo que limita, mas, ao mesmo tempo, protege, é tudo aquilo que ilude sobre a natureza da realidade e, ao mesmo tempo, serve como apoio para prosseguir vivendo. Nesse sentido, é importante destacar que a bolha social, expressão muito falada ultimamente, dado que a nova realidade em redes virtuais de interação classifica seus usuários quanto aos gostos e preferências com base nas próprias navegações desses, possui consequências tanto positivas como negativas. Primeiramente, vale ressaltar que o misoneísmo leva à estagnação, ou seja, o ato de não aceitar o pensamento diferente faz com que não haja debates e consequentemente ausência de novos pensamentos, já que toda síntese é produto de uma tese somada a sua antítese. Nesse contexto, tem-se destacado uma cultura muito relativista na sociedade contemporânea, o que é explicado como: "o que é verdade para mim, pode não ser verdade para o outro, mas como eu não pretendo impor meu conceito de verdade a ninguém, também não aceito que ninguém me apresente ou imponha outra interpretação da verdade". Logo, compreende-se uma limitação, a falta de um desenvolvimento que consequentemente não leva à evolução humana, posto que todas as descobertas na história da humanidade foi um resultado de uma síntese. Em segundo plano, apesar de ser um assunto muito discutido na filosofia, como Sócrates defendia a aquisição de conhecimento por meio da dialética, que é o conflito de opiniões, a bolha pode representar, também, em sentido oposto, uma forma de proteção, de distanciamento daquelas opiniões que, por ser contraditórias, só provocariam aborrecimentos. Se, para alguém, é terrível a legalização do aborto, visto que, para essa, é um ato de homicídio, debater com aqueles que aprovam por compreenderem a partir de outro ponto de vista só geraria conflito sem solução, pois o relativismo volta aqui e determina a não existência de verdade absoluta, nessa situação não há certo ou errado universal, mas uma definição que depende de um conjunto de crenças daquele que julga. Dessa forma, como há consequências positivas e negativas da bolha social, é necessário saber quando ultrapassar seu limite e quando permanecer para autoproteção. Em termos de política, praticar a dialética é essencial, já na questão religiosa, manter-se na zona de conforto por uma crença é a melhor opção. Assim sendo, é crucial a intervenção do Governo Federal no que tange a limitar o acesso à privacidade dos indivíduos a partir de suas redes sociais por parte dos donos dessas empresas, como o Facebook, Instagram e Google, ou seja, proibir filtrar as postagens com base no histórico de navegação de cada pessoa, porque somente assim, todos terão livre acesso a inúmeros conteúdos que abordam os diversos assuntos, a fim de que, nesse cenário, cada ser tenha livre arbítrio de escolher o que quer debater e o que prefere se conter, logo, tendo a oportunidade de desenvolver a dialética, responsável pelas sínteses que levam à evolução humana.