No século XIX, o sociólogo Émile Durkheim disseminou um pensamento segundo o qual a sociedade funciona como um organismo vivo, ou seja, todos os seus componentes deveriam conviver em harmonia para que fosse possível conquistar o bem-estar geral, Sob essa óptica do pensador francês, no entanto, o Brasil avança lentamente na direção da homeostase social, visto que essa convivência harmoniosa só é possível, na maioria das vezes, em grupos sociais isolados. Nesse panorama, torna-se imprescindível analisar aspectos concernentes a essa situação. Cabe pontuar, em primeiro plano, que se estabelece um nexo de causa e efeito entre a formação de bolhas sociais e a difusão acelearada de "fake news". De fato, isso decorre do mundo isolado que são esses grupos, nos quais permeia uma seleta gama de informações - somente as que lhes interessam. Dessa forma, a visão, de dentro desses círculos, sobre a conjuntura política e social do país fica obstruida; situação ideal para a divulgação de notícias falsas e tendenciosas. Nesse sentido, o funcionamento do organismo citado por E. Durkheim fica comprometido e mais suscetível a mazelas, já que seus componentes não vivem em coesão. Concomitantemente, a segregação da sociedade é geratriz e produto dos preconceitos existentes na sociedade brasileira. Isso advém do juízo de valor negativo de um grupo sobre o outro. Tal fato é possível devido à falta de interação entre setores sociais distintos, o que propicia a formaçao de estereótipos e discursos de ódio. Nessa lógica, faz-se valer o pensamento de Jean-Jacques Rousseau de que o homem é produto do meio, portanto, um ambiente permeado somente de ideias intolerantes tente a perpetuar o preconceito e as bolhas sociais. Nessa perspectiva, é fundamental que toda a mídia promova, de forma enfática, a interação social entre grupos sociais distintos, seja por entreterimento ou reportagens acerca do assunto, a fim de estimular a tolerância na sociedade. Ademais, é essencial que o Ministério de Educação, em parceria com secretarias do mesmo setor, engendre atividades escolares que conscientizem os alunos da importância de se manter informado na contemporaneidade, no intuito de evitar a alienação dos cidadãos.