Na obra “O homem cordial”, o historiador Sérgio Buarque de Holanda destacou que o brasileiro funciona pelo coração, sendo impulsivo, afetivo. Sob esse viés, no Brasil contemporâneo, as pessoas têm agido como se a sua opinião fosse uma verdade incontestável e, por conseguinte, inviabilizam o diálogo com quem possui perspectivas diferentes. As bolhas sociais, assim, prejudicam a convivência social e o conhecimento de novas ideias. Sentenciou o filósofo William James: “O ser humano pode alterar a sua vida mudando sua atitude mental”. Em relação a isso, a fim de ampliar o repertório cultural, social e político, é de suma importância o debate entre cidadãos com opiniões divergentes. Além disso, segundo o escritor Luiz Felipe Pondé: “se não tiver polarização, as pessoas não se importam com a política. É o conflito que acende o debate”. Diante disso, as redes sociais, ao limitarem a amplitude do conteúdo a ser visto pelos usuários, desempenham um papel nocivo, pois enquadram as pessoas no mesmo posicionamento, sem variação de informações. Em virtude dos algoritmos seletivos das plataformas digitais, que estabelecem o que será mostrado, tem-se a falsa impressão de que o que é correto é o reflexo daquilo que se pensa. Não obstante, o ser humano é ambíguo e complexo e dessa maneira, não há como definir uma verdade absoluta, mas uma postura conveniente à socialização. Uma vez que a democracia é construída pelos cidadãos, é indispensável a comunicação entre eles, no intuito de formular um panorama que favoreça as diversas camadas da sociedade. Com o fim precípuo de enfraquecer as bolhas sociais, faz-se necessário, portanto, que nas escolas sejam realizados debates a respeito de temáticas políticas e culturais, abordadas nas aulas de Sociologia e História. Os professores, por sua vez, devem focar em objetivos de aprendizado específico, por meio dessas trocas de perspectivas, desenvolvendo estratégias de avaliação e monitoramento do projeto, visando à formação de cidadãos com pensamento mais crítico e aberto à mudança.