Isolamento. Intolerância. Segregação. Essas são algumas das consequências das chamadas bolhas sociais, fenômeno cada vez mais comum. No passado, a sociedade viveu a época do feudalismo, na qual os indivíduos permaneciam em suas propriedades e praticamente não saíam delas. Hoje, os feudos se transformaram em grandes condomínios e páginas da internet. Por conseguinte, assim como o óleo está para a água, a população brasileira está dividida em grupos que pouco se misturam. Tal fato tem como uma de suas causas as divisões espaciais das cidades e pode ter como consequência a escassez da empatia entre as pessoas. Primeiramente, as bolhas sociais tem como uma de suas origens o distanciamento e isolamento geográfico nas cidades. Assim sendo, o espaço urbano encontra-se bem dividido entre as periferias e bairros nobres, o que ajuda no pouco contato entre as classes sociais. A saber, já é comum visualizar grandes condomínios que tem em seu interior serviços como os de padaria e salão de beleza, a fim de evitar que os moradores precisem sair. Para ilustrar essa situação, a banda "O Rappa" escreveu um trecho de música que diz " as grades do condomínio são para trazer proteção, mas também trazem a dúvida se é você que está nessa prisão". Fica bem claro que as relações humanas com todas essas cercas ficam estremecidas e diluídas. Em uma segunda análise, a falta de interação com o que ocorre fora do contexto no qual o indivíduo está inserido pode originar a perda da empatia e consideração pelos demais. Assim, sem saber a realidade alheia, as pessoas podem perder sua alteridade, que de acordo com o psicólogo João Pereira, é a capacidade de sentir pelo outro. Aliás, esse é o caso das questões das escolhas sexuais de cada um, que por muitas vezes não têm sido respeitadas. Só em São Paulo, a pesquisa "Viver em São Paulo: Diversidade" em parceria com o Ibope mostrou que mais da metade dos paulistanos já passou ou presenciou preconceito contra LGBTS. Por isso, é importante reforçar a ideia de contato entre as pessoas e o respeito mútuo. Fica claro, portanto, que as bolhas sociais são reforçadas pelas divisões geográficas urbanas e podem viabilizar a falta de empatia e respeito. Para sanar esses problemas, as prefeituras das cidades brasileiras podem montar eventos culturais teatrais e musicais abertos à população para que haja um intercâmbio maior entre as diferentes classes sociais e um maior contato entre as pessoas de diferentes regiões urbanas. Também, o Ministério dos Direitos Humanos deve veicular propagandas sobre o respeito às diferenças e a importância da alteridade através de comerciais de televisão e outdoors distribuídos pelas cidades para que todos possam se atentar para os direitos dos outros e não violá-los. Somente dessa maneira a sociedade se libertará dos seu feudalismo.