O início da colonização do Brasil, no século XVI, foi marcado pela exploração do pau-brasil, uma espécie utilizada como corante pelos nativos e que, posteriormente, seria utilizada na indústria de tecidos europeia. A partir disso, não só essa planta passou a ser apropriada de maneira ilegal, mas também várias outras espécies animais e vegetais do território nacional. Desse modo, convém analisar as questões que motivam tal prática, bem como os efeitos precípuos dela. Cabe pontuar, a princípio, a diversidade típica da fauna e flora brasileiras. Nesse viés, destaca-se a Floresta Amazônica, que por ter uma localização espacial favorável, apresenta-se como uma comunidade clímax do país, sendo responsável por concentrar a maior diversidade do planeta, motivo pelo qual a apropriação dos recursos naturais nela encontrados é despertada em outros países. Com isso, instaura-se a exploração ilegal de espécies animais e vegetais, as quais não são encontradas em outros locais. Tal cenário é retratado no filme “Rio”, em que uma arara-azul é vítima da biopirataria no Brasil, ao ser levada, ilegalmente, para outro país. Dessa forma, vê-se que as espécies nativas são alvo da biopirataria no país. Vale ressaltar, ainda, as implicações advindas da exploração de recursos biológicos nacionais. Nesse sentido, e mediante o ideário do iluminista Montesquieu, de que a liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem, a apropriação ilegal de plantas ou animais contribui para a aceleração do processo de extinção de muitas espécies, uma vez que essas, ao terem seus habitats trocados, sofrem risco de morte, haja vista a possibilidade de não se adaptarem aos novos ambientes. Além disso, a prática da biopirataria é responsável por desestabilizar as relações ecológicas presentes em cada ecossistema, haja vista que a retirada de uma espécie resulta na perda de um nicho ecológico, o qual refere-se à função de uma espécie no bioma inserido. Infere-se, portanto, que o tráfico de espécies vegetais e animais traz várias sequelas ao país tido como alvo. Nessa perspectiva. É essencial a atuação do Poder Executivo, sobretudo das Forças Armadas, na maior fiscalização das fronteiras do país, com aplicação de multas àqueles que violarem o patrimônio natural do Brasil. Isso pode ser feito por meio de parcerias com ONGs, as quais atuarão na promoção de campanhas que estimulem a denúncia de práticas de biopirataria, com o fito de erradicar a apropriação ilegal dos recursos naturais. Outrossim, é mister que as instituições escolares, por intermédio de profissionais da área ambiental, promovam palestras que despertem nos discentes uma reflexão acerca da manipulação inapropriada da fauna e da flora, a fim de incentivá-los a utilizarem a internet como meio de denúncia. Só assim, com o conceito de liberdade proposto por Montesquieu sendo respeitado, manter-se-á o patrimônio biológico nacional.