No filme "Rio", é mostrada uma cena em que o protagonista, uma arara-azul, é capturada por traficantes de animais. Portanto, hodiernamente, esse descaso mostrado na animação assemelha-se a atual situação da biopirataria no Brasil, pois, de acordo com a Convenção Sobre Diversidade Biológica a biopirataria é a terceira atividade clandestina que mais movimenta dinheiro, ficando atrás somente do tráfico de drogas e armas. Desse modo, convém expor as principais causas que intensificam esse impasse. Em primeira análise, persiste a omissão dos serviços públicos acerca da biopirataria no País. A esse respeito, o sociólogo Zygmunt Baumam desenvolveu um conceito de Instituições Zumbis, em que o Estado perde a sua função social, mas manteve - a qualquer custo - a sua forma. Nesse viés, o Ministério do Meio Ambiente se enquadra na teoria das Instituições, na medida em que não há campanhas efetivas contra o tráfico de fauna e flora e, também, mostra-se ineficiente na segurança de locais com determinados recursos naturais valiosos para os traficantes como a floresta amazônica. Assim, enquanto o problema denunciado por Baumam for a realidade, o problema da biopirataria será exceção. Em segunda análise, é imprescindível relatar as consequências que essa adversidade proporciona não só para a economia, mas também para o meio ambiente brasileiro. De acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia o Brasil perde cerca de 5 milhões de dólares com o tráfico de recursos naturais de nossos biomas como plantas nativas, madeira e animais silvestres e, por consequência, ocasionando a extinção de espécies, desequilíbrio ecológico e a perda da biodiversidade, causando um grande impacto ambiental não só para a Nação verde e amarela, mas também para o mundo, considerando que a amazônia tem cerca de 70% da biodiversidade do planeta. Logo, uma mazela que carece de atenção. Diante dos fatos supracitados, é evidente que medidas são necessárias para combater esse desleixo. Para o poeta James Baldwim, o confronto nem sempre traz uma solução, mas, enquanto não se enfrentar o problema, não haverá solução. Nesse sentido, o governo federal, em parceria com o MMA, deverá aumentar a segurança e a fiscalização das reservas ambientais com o auxílio de policiais especializados em áreas de alta biodiversidade, assim sendo, esse processo ilegal retrocederá significativamente. Além do mais, o Ministério da Educação deve promover palestras em escolas com a assistência de biólogos no intuito de conceder informações sobre as consequências que a biopirataria proporciona e, dessa forma, construir a mentalidade da futura geração sobre esse caso com o objetivo de pôr um fim na teoria das Instituições de Baumam.