A obra "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, relata a revolta do personagem Fabiano ao ser preso e desrespeitado, frisando a sua vontade de se vingar do soldado e de seus superiores. As condições subumanas das penitenciárias brasileiras ampliam a revolta dos presidiários com a sociedade. Expor o adolescente a essa realidade amplia a chance dele permanecer no crime, agravando a violência do país. A carência de base familiar e de condição socioeconômica coopera com o envolvimento do menor com a criminalidade. Após ser preso, o adolescente terá contato direto com o crime organizado, acreditando, assim, que esse é o melhor caminho para garantir maior qualidade de vida. Além disso, o jovem é tratado de forma bastante desumana nesse ambiente, contribuindo para a permanência de sua falta de confiança no poder público. Devido a isso, após sair da cadeia, a reincidência do menor no crime é agravada. Ampliando, consequentemente, o grau de violência na sociedade. O população é a maior prejudicada com o progressivo aumento da violência no país. Os gastos com a manutenção de presídios, com a criação de mais unidades carcerárias e com o salário dos funcionários será retirado dos impostos. Assim, ao invés de investir esse recurso em saúde, educação e lazer para toda sociedade, ele ficará restrito a uma parcela encarcerada. Além disso, como cita o sociólogo Ignacio Cano (coordenador do Laboratório de Análise da Violência-UERJ), ocorrerá uma redução progressiva da idade de iniciação ao mundo do crime, mantendo a presença de menores infratores no país. Inserir o jovem no atual ambiente prisional é afirmar que a sociedade o perdeu para o crime organizado. É necessário, portanto, focalizar programas de profissionalização para jovens que estão em unidades socioeducativas, mostrando-os que é possível viver de forma digna em sociedade. Além disso, é válido criar projetos de reinserção em escolas que contêm ex-presidiários. Isso munirá esse grupo de autonomia para viver honestamente.