Em meio às barbáries e vários crimes cometidos por menores de idade, iniciou-se uma sedenta busca por uma medida capaz de resolver ou atenuar esse problema. Dentre as propostas, uma, um tanto utópica, propôs a redução da maioridade penal de dezoito para dezesseis anos. Mas será que uma ligeira mudança como essa seria a solução? Crer cegamente que essa singela alteração na idade penal teria um grande poder, capaz de solucionar o profundo problema da violência é um pensamento ingênuo. A hostilidade dos menores infratores é fruto de uma longa formação sem amparo e educação, mas com muita discriminação. Esses jovens, em maioria absoluta, são oriundos de favelas e bairros pobres, em que a escassez de recursos e desinteresse por parte da sociedade são características marcantes, gerando uma sensação de exclusão social, podendo desencadear problemas psicológicos que agem como combustíveis para a vida criminal. Dr. Drauzio Varella - importante médico com vasta experiência carcerária - alerta que a diminuição da maioridade não só não resolverá o problema, como o agravará. Essa afirmação é feita com base na chamada "Faculdade Criminosa", como são chamados os presídios, e, inserindo jovens nesses locais, em maioria dominados por facções (grupos criminosos organizados), provavelmente fará com que eles saiam de lá altamente comprometidos com alguma grande facção, não tendo chances de uma vida nova. A questão não é só punir. Países como Suécia, com medidas sociais, estão fechando presídios por falta de internos. Cabe ao governo, portanto, realizar uma série de investimentos educacionais e de inserção social, que podem ser: projetos esportivos; escolas; e formações técnicas. No país do futebol, centros de esporte são extremamente atrativos à jovens que sonham carreira futebolística, gerando assim, uma possibilidade de realização pessoal. Dessa forma, será possível tratar a causa e não o efeito.