A redução da maioridade penal é aclamada por uma enorme parcela da população, no entanto, isso não significa que ela seja benéfica para a sociedade. No Brasil há uma enorme crise carcerária, as cadeias estão superlotadas e não cumprem a função de reinserir o indivíduo na comunidade. A inclusão do jovem em prisões de adulto, cuja função é no momento apenas de punir, é de certo uma ideia muito infundada, já que a utilidade da Fundação Casa é exatamente a de cumprir medidas educativas ao menor infrator. A população carcerária do Brasil é atualmente uma das maiores do mundo, causando um enorme colapso nas penitenciarias. O governo não consegue lidar com o alto percentual de reincidência, criando verdadeiras escolas do crime, onde o indivíduo ingressa somente para piorar a sua situação. Caso o jovem passe a ser considerado adulto, ele automaticamente iria ser incluído em cadeias superlotadas, onde não há qualquer possibilidade de melhora e de reinserção na sociedade. O menor, ao perder a chance de ser reformado, passaria a viver uma vida sem esperança, onde o seu único caminho seria continuar no crime, perpetuando a violência no país. Muitos perderiam a vida na rua por não terem escolha e nem chance de mudar a própria história. O jovem de hoje seria o mandante de amanhã, mandante este que aliciará outro jovem a entrar para o crime, continuando assim o ciclo de criminalidade. A reincidência é notavelmente mais baixa nas prisões de jovens, comprovando que há sim uma diferença na forma em que menores e adultos são tratados. É extremamente prejudicial essa diferença, o percentual do sistema socioeducativo é o exemplar, ou pelo menos se aproxima de ser, já o sistema carcerário tem um perigoso nível de reincidência. Seria ilógico a redução da maioridade penal, já que os jovens seriam simplesmente jogados em um sistema pior, sem uma justificação clara. Com base nos fatos apresentados, fica evidente a necessidade de uma série de mudanças no Brasil, às quais não se incluem a redução da maioridade penal. É indispensável uma reforma no ensino público, uma das mudanças bem-vindas seriam a expansão de seu horário, currículo e o investimento em infraestrutura, tornando-se assim um ensino integral de qualidade. Essas medidas evitariam que o jovem fosse tentado pelo crime e lhe dariam uma maior possibilidade de ingresso no ensino superior e no mercado de trabalho, diminuindo a violência e a desordem.