Título da redação:

Esperança

Tema de redação: As complexidades do combate à homofobia no Brasil

Redação enviada em 18/10/2017

O Brasil presenciou, em 2013, um grande avanço na tentativa de reduzir uma das diversas desigualdades: a regulamentação do casamento homossexual. Contudo, mesmo havendo o progresso e a promoção da maior inclusão, percebe-se um despreparo, tanto da população quanto da política brasileira, para a aceitação dessa realidade. Primeiramente, a política é capaz de preservar o sentimento conservador da população. O Brasil foi moldado por uma sociedade patriarcalista cuja tradicional família brasileira não aceitava modelos diferentes do matrimônio entre homem e mulher, tendo respaldo na lei, devido a proibição do casamento homossexual, e na Igreja. Ainda hoje, a política nacional instiga esse sentimento de aversão, como, por exemplo, a aprovação da "cura gay" -reversão sexual- por meio de uma liminar concedida pela Justiça Federal do Distrito Federal, permitindo o tratamento dessas pessoas por psicólogos e psiquiatras. Dessa forma, o amor homoafetivo ganha características de doença e, como qualquer outra enfermidade, a nação procura meios para erradicá-la, ferindo a dignidade de muitas pessoas. Outrossim, persiste, em algumas pessoas, o ideal de superioridade da comunidade hétero em detrimento da LGBT. Essa sensação de supremacia, em grande parte, tem sua origem devido a religião, por denominar como abominação qualquer relacionamento de casais do mesmo sexo, promovendo diferenças.Esse falso sentimento de poder possui diferentes formas de ataque, seja pela agressão física, que é intrínseca ao aumento de homicídios de homossexuais, como o atentado à uma boate LGBT em Orlando em 2016 que matou mais de quarenta cidadãos, ou por termos depreciativos, como "anormal", "bicha", "sapatão" entre outros.Dessa maneira, o medo ganha, cada vez mais, destaque e o individualismo, segundo Bauman, da pós-modernidade fortalece. Torna-se evidente, portanto, que os brasileiros possuem dificuldade de aceitar as diferenças. Sendo assim, cabe à Justiça Federal do Distrito Federal anular a liminar que transforma a homossexualidade em doença, para que a comunidade LGBT não seja inferiorizada e caracterizada como um mal a ser combatido pela sociedade.Ademais, é necessário que a mídia, por meio de atores, criem peças que encenem fatos reais das agressões físicas e psicológicas vividas por muitos brasileiros homoafetivos, a fim de que a sociedade perceba os danos e o medo gerado pelas ofensas e evite descriminar, repudiando qualquer ato de inferiorização das diversas orientações sexuais. Para que, assim, a esperança de um país plural não acabe.