Título da redação:

A podre discussão

Tema de redação: As complexidades do combate à homofobia no Brasil

Redação enviada em 09/10/2017

Aluízio de Azevedo, em seu livro “o cortiço” do século XIX, retratou as relações homoafetivas entre as personagens Leocádia e Pombinha que eram reprimidas pela sociedade. Dois séculos depois, a realidade não é tão diferente, assim como Aluízio foi ousado ao representar essa minoria, ainda parece audácia falar desse assunto. Sendo assim, é complexo extinguir esse estigma, haja vista a dimensão alarmante que a homofobia atingiu, bem como as raízes histórico – culturais. Em primeiro plano, cabe relacionar os números alarmantes de casos homofóbicos com a educação restritiva. Nesse espectro, devido à educação doméstica falha e preconceituosa, criam-se jovens intolerantes o que reflete nos crimes. À vista disso, o Brasil ocupa o primeiro lugar em mortes de LGBTs nas américas, segundo dados do ILGA 2016. De fato, desde cedo as crianças são apresentadas ao binômio masculino e feminino, contudo, em muitos casos não aprendem a lidar com o diferente. Logo, isto gera um estranhamento sendo a base para o preconceito. Em verdade, Habermas, filósofo alemão, Afirmou: “A sociedade depende da crítica de suas tradições”. Desse modo, é necessário promover o debate em âmbito familiar para modificar esse cenário. Ademais, a homofobia é oriunda do passado nacional culturalmente aceito. Sob esse viés, durante a ditadura militar no Brasil era comum a repressão aos LGBTs, já que a família tradicional e conservadorista estava em ascensão. Nesse contexto, Caetano veloso, cantor e filósofo, citou na música tropicalista “Podres poderes” a visão social e estatal preconceituosa à vista do crescimento do movimento LGBT. Desde então, ficou nítida a cristalização desse problema, pois ainda perdura no século XXI. Acresce inclusive mencionar, que essas práticas vão contra os princípios da constituição de 1988, uma vez que presa pela liberdade sexual de cada indivíduo. Em suma, a homofobia criou raízes na cultura nacional e reflete negativamente na atualidade. Então, para modificar essa realidade, é imprescindível, portanto, que a discussão seja iniciada na instância familiar, por intermédio da mídia em propagandas comoventes que estimule os pais a distanciar dos padrões de gênero, com o fito de criarem os filhos mais tolerantes. Não somente, faz-se imperioso que o MEC auxilie o desenvolvimento da tolerância, mediante palestras e debates nas escolas que mostre a história do movimento LGBT e suas dificuldades, para formar jovens que possam modificar a realidade e distanciar do passado preconceituoso. Talvez desse modo o contato com o diferente não seja um tabu.