Defini-se maldade como a prática deliberada de violência sobre o outro. Porém, o interessante é que muitas pessoas que se encaixam nesse conceito não se enxergam como maus, pois suas vítimas são desumanizadas, o que interrompe uma possível empatia com o outro. À luz desse fato, percebe-se que a sociedade brasileira e seu patriarcalismo exacerbado desumaniza aqueles que desviam do padrão, o qual foi estabelecido por discursos de poder. A História é pródiga quanto à institucionalização de falsos discursos de poder atrelados a certos padrões comportamentais. Tais discursos visam legitimar, a título de exemplo, o patriarcalismo e a suposta ''supremacia masculina'', em que todos os homens devem ser emocionalmente fortes e gostar de mulheres. Quem desviar desses moldes sofrerá preconceitos e humilhações frente a sociedade patriarcal. Ademais, grande parte do corpo social despreza a existência de vários gêneros e acredita principalmente do binarismo do sexo: é a chamada bioidentidade, em que o órgão sexual determina a orientação sexual de um indivíduo. Conquanto, vale ressaltar as sábias palavras de Simone de Beauvoir: ''Ninguém nasce mulher, torna-se''. Por esse prisma, denotam-se consequências severas para o tecido social, como o aumento do número de homicídios de homossexuais, preconceito e segregação. De modo mais amplo, ocorre uma dilaceração do direito à liberdade. Além disso, histórias como a representada pelo filme '' A garota dinamarquesa'' se repetem cotidianamente, uma vez que o personagem do filme não se concebia como alguém do sexo masculino, o que fez com que médicos o tratassem como alguém doente. Isso é uma triste tendência atualmente, em que o homossexualismo é visto como patologia. Em síntese, o Estado, como gestor administrativo, deve elucidar a população sobre os diversos gêneros e conter a noção do binarismo. Para isso, ele deve fazer campanhas que, por meio da mídia, apresente alguns ensinamentos à respeito da pluralidade de escolhas por intermédio de especialistas sobre o assunto e a importância de tolerar a escolha alheia,. Outrossim, a educação, como instrumento modificador da realidade, deve desconstruir os discursos de poder patriarcais ao fornecer aulas de sociologia que versem sobre algumas teorias, como as da Simone de Beauvoir. Enfim, é necessário que a elite cultural do país faça palestras em locais públicos, como parques, visando empoderar os homossexuais e torná-los humanos e não portadores de patologias aos olhos preconceituosos da sociedade, que ainda comete maldades sobre esse grupo.