Ao longo da história, sempre se supôs que, com o avanço da educação e do conhecimento, o ser humano agiria de forma cada vez mais racional. Movimentos como o Iluminismo preconizavam uma humanidade, gradativamente, mais civilizada. No entanto, percebe-se que a violência ainda faz parte da maioria das resoluções dos conflitos humanos. Ela é um retrocesso para a sociedade e pode invadir, inclusive, áreas que deveriam ter funções lúdicas e prazerosas, como os esportes, em especial o futebol. O filósofo alemão Teodoro Adorno denunciou o fracasso do Iluminismo em tornar o homem menos violento. Essa denúncia encontra eco nas disputas entre torcidas organizadas e as brigas em estádios de futebol. Tais atos transformam rivalidade desportiva em ódio irracional, que eventualmente tem como consequência a morte de torcedores, como confirma a pesquisa feita pelo site Gazeta Online, em que foram registradas 106 mortes de torcedores nos últimos 14 anos no Brasil. Outra face trágica desse problema são os torcedores que, mesmo sem ter envolvimento com nenhum tipo de facção clubística, tornam-se vítimas da rivalidade agressiva. Isso traz prejuízos para os próprios times: esvaziamento dos estádios, afastamento das famílias e déficit financeiro. Dessa forma, os locais de jogos, que deveriam ser centros de lazer e diversão familiar, transformam-se em um microverso da sociedade, em que as leis básicas de convivência são suprimidas. Sendo assim, é indispensável a adoção de medidas que possam resgatar a fraternidade no futebol. Posto isso, cabe ao Ministério dos Esportes efetuar um cadastro com inscrição dos membros de torcidas organizadas, de modo a exercer um controle sobre indivíduos potencialmente violentos. Já os clubes de futebol podem exigir que as entrevistas coletivas sejam realizadas ao lado dos profissionais do time rival, com o intuito de fomentar uma convivência harmoniosa e demonstrar para o torcedor que a rivalidade encerra com o apito final. Dessa maneira, a função prazerosa e cultural dos desportos será novamente evidenciada no Brasil.