O filósofo Tomas Hobbes, em seu livro "O Leviatã", afirma que o homem é o lobo do próprio homem. Ao partir desta premissa, nota-se que os enormes índices de violência física e verbal, nos estádios brasileiros, os quais são motivados pela excessiva "carga" de individualismo e pela percepção passional e competitiva que os torcedores são submetidos no âmbito do futebol. Nesse sentido, destaca-se, ainda, que o futebol é o principal esporte brasileiro. Logo, por tamanha importância, ele figura como um elemento simbólico nacional. Nesse contexto, a banda de rock Skank o enaltece em um trecho de música que apresenta o seguinte conteúdo: "Posso morrer pelo meu time. Se ele perder, que dor, imenso crime" . Neste fragmento constata-se o sentimento passional que os indivíduos "carregam" pelos seus times. Da mesma forma, com seus aspectos de rivalidade e competição, o esporte, muitas vezes, afirma o caráter instintivo e natural do homem, os quais se sobrepõem à razão e às regras sociais e, assim, faz com que o modelo de convivência seja posto em segundo plano. Dessa forma, é possível perceber diversas manifestações de violência dentro dos estádios. A principal delas é a violência verbal, a qual configura-se como precursora da física e contra o patrimônio. Ora, maior exemplo disso são os xingamentos e as palavras de ódio que diariamente estão presentes em jogos de futebol e jornais futebolísticos. O discurso de ódio, por sua vez, quando compartilhado com um determinado número de indivíduos, cria um âmbito de "anonimato" e coragem nos agressores, os quais, agora confiantes, passam a partir para demais tipos de violência, como a agressão aos torcedores "rivais" ou, até mesmo a depredação ao patrimônio do próprio clube. Exemplo disso é a posição do sociólogo Mário Murad, que afirma que o Brasil é o país com um dos maiores números de brigas e mortes entre torcedores. Conclui-se, portanto, que, a cultura de violência, nos estádios, tem causas sistêmicas e ligadas ao indivíduo. Sendo assim, é dever do Governo Federal, em parcerias com mídias, produzir séries que debatam incisivamente o tema, dando exemplos educativos e mobilizadores que alterem e instiguem o pensamento crítico dos indivíduos. Do mesmo modo, para a população indiferente diante as recomendações, os estados devem reelaborar as leis de punibilidade para quem comete qualquer ato de violência nos estádios, como o banimento de torcedores violentos de estádios. Com orientação, coerção e tempo, a sociedade se afastará do lobo que fere torcedores rivais.