O Brasil, conhecido como "o país do futebol", apresenta há mais de uma década problemas a respeito do crescimento da violência nos estádios. De acordo com o Estatuto do Torcedor, aqueles que participarem de brigas estão sujeitos a até dois anos de prisão, entretanto, conforme o sociólogo Maurício Murad, autor do livro "Para entender a violência no futebol", nos anos de 2014 e 2015, somente 3% dos delitos, nesse âmbito, foram detidos. A partir disso, percebe-se que a impunidade é um grande empecilho para o combate dessa adversidade. Por meio do incentivo exacerbado à competitividade e da ausência de educação acerca do respeito ao próximo desde a infância, muitos indivíduos, ao se tornarem adultos, não sabem como lidar com derrotas, por conseguinte, o uso da violência é visto como solução. Nesse contexto, o fanatismo por um time de futebol passa ser motivo de brigas que podem levar ao óbito como o caso de Felipe, membro da torcida organizada Cearamor, morto antes de uma partida entre Ceará e Fortaleza pelo Campeonato Cearense em 2013. Logo, esse esporte que deveria promover a união, ofertando lazer e diversão, é utilizado como meio de propagação de uma cultura de ódio e agressividade. Em decorrência da ausência de sanções eficazes sobre os responsáveis disso, nota-se a diminuição da ida dos torcedores aos estádios por sentirem falta de segurança. Isso foi comprovado por um levantamento feito pelo Instituto Stochos, em que 43% de todos os fãs de todos os estados brasileiros afirmaram que deixaram de ir aos jogos por conta desse medo. Essa atitude de reserva contribui para o aumento do isolamento social e permite que os agentes desses conflitos impeçam o direito de entretenimento dos outros. Baseado nos argumentos apresentados, fica claro que novas ações devem ser realizadas. O Ministério do Esporte e o Poder Executivo, em parceria com os setores pacíficos das torcidas organizadas, devem implementar regras mais severas sobre violência nos estádios e ao seu redor, colocando placas nas entradas desses locais que informem quais são as punições recebidas caso ocorra a desobediência dessas normas, instalando câmaras de segurança com reconhecimento facial a fim de detectar os agressores com maior facilidade, proibindo-lhes o ingresso, além de contratar guardas para controlarem qualquer discussão. Dessa forma, os cidadãos poderão usufruir desses espaços sem preocupação.