O Artigo 6º da Constituição de 1988 garante o direito ao lazer para todos os cidadãos.Nesse prisma, no Brasil pós-moderno, a violência nos estádios de futebol propicia uma negação ao segmento constitucional em voga. Nesse contexto, uma dinâmica adversa é inserida, seja por provectos pensamentos enraizados na sociedade, seja pelas incipiências governamentais que refutem esse quadro. É possível analisar a resiliência do problema na esfera social, na media em que pensamentos nocivos se tonam inerentes às torcidas. Uma ótica segregacionista que subjuga os seguidores de times adversários levam os torcedores à adotarem um comportamento violento, o qual o uso de piadas mal intencionadas e xingamentos ofensivos são considerados comuns ao ambiente esportivo. Foi nesse âmbito que a filósofa Hannah Arendt afirmou, em “ A Banalidade o Mal”, que o pior mal é aquele considerado comum, iníquo.Nessa perspectiva, uma cultura de violência, associada aos campos e futebol se instala, de forma silenciosa, cooperando para a perpetuação de um contexto entrópico que influência os cidadãos agirem de modo irracional, e muitas vezes, mortal. Além desse fator, carências do sistema executivo auxiliam a causa do aumento da violência. Consoante à obra: “ Cidadania no Brasil: O longo caminho”, de José de Carvalho, a força motriz que torna um problema social perene é a resolução insuficiente, mascarada. Nesse ângulo, resoluções de crimes cometidos em estádios de forma lenta ou paliativa- como prisões rápidas e processos não resolvidos- dadas aos protagonistas do ato dão lugar à impunidade,a qual, por sua vez, confere atos transgressores e sua continuidade. Esse processo é confirmado por pesquisas de sociólogos, que no site Empresa Brasil Comunicação (EBC) publicaram que em 2016 ocorreram 9 mortes e 6 feridos em estádios. Tais dados, quando nutridos pela impunidade, tendem ao crescimento, como foi supracitado. Destarte, percebe-se que as causas da violência em estádios de futebol carecem de serem solucionadas. Partindo disso, é mister que o Ministério da Cultura institua na área externa dos campos futebolísticos oficinas de debate. Nelas, sociólogos devem discutir sobre a importância da não violência no período dos jogos. Tais debates devem ser feitos de forma descontraída, com auxílio de cartazes ilustrativos, retratando imagens de vítimas da violência em torcidas para que haja, dessa forma, uma conscientização efetiva.Em consonância, o Ministério da Justiça deve, além de caracterizar crimes de violência em estádios como inafiançáveis, divulgar em redes de TV aberta, nos intervalos comerciais de programas de futebol, casos de prisões de transgressores da segurança na torcida. Esse fator alertará os torcedores sobre a seriedade desse cenário, levando-os a não cometerem atos de mesma natureza. Desse modo, a cultura a violência e da impunidade darão lugar à plenitude do lazer nos jogos de futebol, garantida pela constituição vigente.