Na Roma Antiga, as lutas sangrentas entre gladiadores no coliseu, em que muitas só terminavam com a morte de um dos competidores, demostram a associação feita pela sociedade da época entre violência e esporte. Infelizmente, hoje em dia, muitos indivíduos, especialmente brasileiros, continuam com essa mentalidade, transformando clássicos em verdadeiros shows de horrores. Desse modo, faz-se necessária a análise das causas da violência nos estádios brasileiros de futebol, a fim de combatê-las. Antes de tudo, a cultura da violência, tão presente no Brasil, emite reflexos na questão esportiva, os quais são muito estimulados pela supervalorização do sentimentalismo em relação aos times. Essa paixão exacerbada pelos clubes provoca a formação de torcidas organizadas, compostas, em parte, por torcedores agressivos, os quais interpretam erroneamente a metáfora "futebol é guerra", levando-os a encararem o time e a torcida adversária como inimigos em potencias. Dessa forma, optam pela agressão para impor a soberania de seus times em detrimento dos outros. Além disso, a impunidade contra ações hostis durante e após partidas permite a continuidade do desrespeito aos demais torcedores. Tal realidade vem de uma segurança ineficaz, evidenciada pela não identificação, muitas vezes, dos agressores, ou quando reconhecidos, pela aplicação de penas leves. Nesse contexto, não constitui surpresa o fato do Brasil liderar o ranking de mortes em estádios de futebol em relação aos outros países, situação reveladora da carência de transformações. Fica claro, portanto, a necessidade de mudanças na conduta dos torcedores. Convém aos órgãos de segurança do Brasil realizarem reformas, a saber: cadastramento dos torcedores, com o fito de permitir maior controle dos espectadores, reforço policial, principalmente em clássicos, expulsão temporária de pessoas que interrompam a pacificidade dos jogos e, em casos mais graves, a prisão. Outrossim, cabe à mídia, em parceria com os clubes, promoverem campanhas de conscientização ao público, as quais participem jogadores famosos, a fim de, a longo prazo, construir uma sociedade cujo pensamento divirja dos romanos da antiguidade. .