Na Roma Antiga, o Coliseu era o local onde as pessoas se reuniam para assistir a atos barbáricos de violência, promovidos como forma de entretenimento na chamada política do Pão e Circo. Nos tempos hodiernos, os estádios de futebol se assemelham ao exemplo romano: atos de violência vêm ofuscando, frequentemente, o espetáculo esportivo. Contudo, apesar de a violência nos estádios ser um reflexo da violência fora deles, as autoridades a tratam com menor veemência, contribuindo com a sua perpetuação. Neste sentido, nota-se uma ilustração do que fora afirmado por Voltaire ao dizer que a civilização não acaba com a barbárie, mas apenas a aperfeiçoa. No caso moderno, a violência reflete atos praticados pelos atletas no campo, assim como a violência generalizada instaurada na sociedade brasileira. Dentro de campo, alguns atletas desrespeitam o chamado fair-play esportivo, com atos de agressão, desrespeito aos outros atletas, reclamações incisivas contra a arbitragem e até mesmo associação a torcidas organizadas violentas. Fora dos estádios, o Brasil vive uma realidade de violência e criminalidade. O país é, por exemplo, um dos líderes mundiais nos casos de homicídio, que já atingem a marca de 65.000 ao ano de acordo com a ONU. Entretanto, o tratamento dado pelas autoridades aos casos de violência nos estádios aparenta ser mais brando do que o dado aos casos de violência fora deles. As penas são, geralmente, mais leves e o número de infratores reincidentes é alto. Isso se deve ao fato de que a violência nos estádios é, muitas vezes, exculpada erroneamente, com o argumento de que a paixão pelo futebol motiva os atos violentos. Ademais, as punições aplicadas aos clubes, como jogos sem torcida e multas em dinheiro, também são ineficazes, já que os times de futebol são instituições ricas que exercem grande influência na sociedade. Visto isso, é fundamental que o Tribunal de Justiça Desportiva passe a aplicar penas mais pesadas aos clubes cujos torcedores ajam violentamente. Neste mesmo sentido, o Ministério dos Esportes deve criar um programa de incentivo à paz nos estádios, que atuará por meio de palestras em escolas e centros esportivos, além da veiculação de campanhas nos meios de comunicação e nos estádios. Por sua vez, as polícias militares e o Ministério Público, devem intensificar o policiamento ostensivo em dias de jogos e as investigações de torcidas e torcedores, por intermédio da instalação de delegacias nos estádios. Desta forma, os estádios brasileiros atenderam a seu fim social e serão menos semelhantes ao Coliseu Romano.