Título da redação:

O Coliseu continua

Tema de redação: As causas da violência nos estádios de futebol

Redação enviada em 19/10/2017

O futebol nasceu na Inglaterra em um ambiente aristocrático, sendo praticado pelas elites britânicas nas escolas. Porém, após a Revolução Industrial, ele assumiu uma forma de resistência por parte dos operários, tornando-se popular no século XX. Esse esporte, muito praticado no "país do futebol", proporciona lazer e terror ao mesmo tempo, visto que as inúmeras agressões presenciadas nos estádios assustam diversos torcedores. Esse comportamento assumido pela torcida organizada é fomentado pela cultura da violência e pela impunidade aos agressores. Primeiramente, é importante ressaltar que a impunidade serve como uma espécie de combustível, incentivando a prática do crime pelos torcedores. Ainda que haja faixas com escritos "pela paz nos estádios", há também os cantos das torcidas que incitam o ódio e a violência. Essa hipocrisia é expressa nos infinitos casos de brigas ou até mortes, dentro e fora dos estádios, causadas pela intolerância para com o admirador de outro time ou aquele que escapa dos estereótipos de "bom torcedor", confirmando o teor racista, homofóbico, machista e xenofóbico nas famosas arquibancadas. Desse modo, a impunidade sobre os agressores, seja por falta de delegacias especializadas, seja por falta de identificação dos criminosos, estimula a realização de novos delitos, criando um certo poder paralelo ao poder dos dirigentes dos clubes. A título de ilustração, o clássico São Paulo e Palmeiras, em 1995, no Pacaembu, ilustra esse cenário de espancamentos coletivos e embates entre torcedores "rivais" e policiais. Paralelo a isso, a cultura da violência enraizada na sociedade brasileira ganha proporções cada vez maiores, sendo potencializada quando associada à coletividade. Se tomado como referência o conceito de conduta reativa do sociólogo Max Weber, é possível afirmar que, ainda que alguns torcedores tratem as agressões como tabu, quando estão em meio às torcidas organizadas, é exercido uma espécie de "determinismo de meio" no indivíduo, que por sua vez age de forma impensada e reativa. Ainda que a mídia sensacionalista exponha apenas o comportamento selvagem das torcidas organizadas, é importante relembrar que esse modo de agir é apenas reflexo de uma realidade do cotidiano urbano contemporâneo em que a negação do outro e a extrema individualidade é expressa de forma física, e não apenas moral, como é notada em outras relações sociais. Esse fenômeno do prazer e excitação gerados pela violência ou pelos confrontos agressivos é retratado de forma verossímil no filme "Violência Máxima". Desse modo, a fim de identificar e combater os "hooligans", as Federações Esportivas devem realizar o registro dos torcedores por meio de um controle biométrico com posterior restrição do acesso aos jogos aos torcedores punidos por vandalismo e agressões, conforme foi feito na Inglaterra. Além disso, para que todos possam prestigiar partidas de futebol sem o medo de serem alvos de violência, a Polícia Militar em conjunto com o Ministério Público devem exercer um projeto de segurança dentro dos estádios e nos pontos de atenção, como bairros e terminais nos dias de jogos, garantindo assim a ordem e as possíveis prisões aos torcedores vândalos. Feito isso, o estádio pode se tornar um ambiente de lazer, prestígio e torcida e se afastar da semelhança com as arenas das batalhas medievais.