Domingo. Dia de clássico. Camisa do time. Estádio cheio. 18h. Um a zero. Três pontos na tabela. Pancadaria. Uma morte: ninguém ganha. Cenas como esta são comuns no cotidiano de apreciadores da maior paixão nacional. A violência dentro dos estádios nacionais é sustentada,principalmente, por três pilares: a falta de esportividade dos torcedores, a ausência de democracia dentro do futebol e a falta de punições mais severas. O clima de extrema rivalidade pode ser associado a um dos elementos que, para o filósofo Thomas Hobbes, torna-se necessário um contrato social. Para o britânico, o homem em competição entra em seu estado natural de selvageria. De fato, isso pode ocorrer, porém, se o esporte fosse ensinado de maneira amistosa desde cedo, teríamos torcedores e jogadores mais conscientes. O que não ocorre no país do futebol, considerando que aulas de Educação Física, na realidade da maioria dos alunos, é apenas uma aula vaga, sem ensinamentos ou conteúdo . A conscientização também pode ser feita pela via democrática. O futebol brasileiro é marcado há décadas por falta de representatividade da torcida. Defendida pelo jogador Sócrates e colocada em prática por 5 anos, a Democracia Corinthiana foi um exemplo de como a expansão dos direitos pode funcionar de maneira positiva. No Brasil, os times, federações estaduais e a própria CBF são estruturados através de eleições indiretas com mandatos vitalícios e inexplicáveis perante as leis. Ocorre, pois, um distanciamento entre clube e torcedores, que revoltam-se, muitas vezes, como tentativa de demonstrar desacordo com a situação atual do time. Outrossim, em um período de crise e com uma sociedade desesperançosa, os ingleses – inventores do futebol - precisariam criar maneiras de conter os famosos Hooligans. Após a morte de 39 pessoas e uma punição de 5 anos fora da liga europeia, os times e as autoridades do país conseguiram solucionar o que parecia não solucionável. Hoje, no Brasil, vive-se uma crise, tanto econômica, política, quanto moral. Assim, a violência nos estádios acentua-se e a falta de punições severas para torcedores e times faz com que ela continue. Nesse panorama, a Educação Física nos colégios precisa ser ensinada por profissionais da área, focando não apenas em atividades físicas a esmo, mas voltadas ao ensino de como a competição pode ser saudável. Além disso, a obscuridade dentro das federações e times precisa ser substituída por uma ampliação da democracia com eleições diretas, aumentando a representatividade da torcida. Outra medida seria o cadastramento de torcedores e punições mais severas para estes. Somado a isso, os times deverão perder não somente o mando de campo, mas pontos e até serem banidos de campeonatos por anos. Dessa forma, os três pilares que sustentam a violência no futebol brasileiro se enfraquecerão até caírem.