Quando, em 1920, o presidente Washington Luís proferiu a frase “governar é fazer estradas”, ele provavelmente não imaginava que seus sucessores, em especial JK, o seguiriam tão fielmente. Aliás, ao longo de todo o século passado, o transporte rodoviário foi o mais privilegiado, objetivando assim atrair as indústrias automobilísticas para o Brasil, atitude no mínimo inconsequente, visto que, em termos de custo, ele só perde para o aeroviário, sendo este muito mais seguro. Dessa forma, é indubitável que tanto as exportações quanto o comércio interno do país foram prejudicados com essa política rodoviarista, portanto, uma alternativa para o escoamento de produtos seria o maior investimento em, principalmente, dois modais de transporte, o ferroviário e o aquaviário. Em primeiro lugar, de acordo com um estudo da Confederação Nacional da Indústria, cerca de 30% dos trilhos ferroviários estão inutilizados e 23% estão sem condições de operação. Dados lamentáveis, se for considerado o quanto o modal ferroviário é recomendado para serem percorridas grandes distâncias, o que é justamente o caso do Brasil, no que pese o fato de que a Revolução Verde permitiu a interiorização das fronteiras agrícolas, o que dificultou ainda mais o escoamento da produção. Desse modo, vê-se que a opção pela rodovia foi totalmente inadequada, pois a grande extensão territorial do país exige a ferrovia, que, apesar de difícil instalação, acaba por ser mais barata, além de menos poluidora e perigosa. Além disso, também há a alternativa do modal aquaviário, o mais utilizado no mundo, afinal a maior parte das mercadorias é comercializada pelos mares, o que leva à questão do sucateamento dos portos brasileiros, os quais carecem de tecnologia e ainda são campeões na demora para despachar os contêineres, situação pela qual a extrema burocracia é responsável. Outrossim, no que tange ao frete de produtos não perecíveis, existem longos trechos do rio Amazonas e alguns do São Francisco que são navegáveis, devendo ser aproveitados graças ao baixo custo, em outros trechos planálticos, podem ser construídas eclusas, porque mesmo que sejam caras, a futura facilitação do transporte compensa o investimento. Isso posto, observa-se que nessa questão de logística o Brasil demanda mais tecnologia e infraestrutura e menos burocracia. Enfim, para que tais questões sejam solucionadas, o Ministério da Infraestrutura deve aumentar a eficiência do escoamento de produtos e diminuir a burocracia no transporte de cargas. Isso pode ser realizado por meio do maior investimento na construção de portos secos, locais que interligam os vários modais de transporte, e também pela modernização dos portos brasileiros. Ademais, poderiam ser feitas parcerias com empresas privadas com o intuito de incentivar a construção de ferrovias, com o fito de tirar das estradas o domínio sobre o escoamento de produtos. Espera-se com resultado disso mais agilidade no comércio brasileiro e que as mercadorias se tornem mais baratas.