No final de maio desse ano o Brasil enfrentou uma greve histórica que paralisou o país, a greve dos caminhoneiros como assim ficou conhecida bloqueou estradas em 24 estados, além do Distrito Federal. Tal fato repercutiu internacionalmente e mostrou para ao mundo a facilidade de causar um grande colapso no Brasil, pelo fato de ser um país de tamanhos continentais totalmente dependente do transporte rodoviário para levar e trazer insumos. Não obstante a isso estima-se que a greve dos caminhoneiros causou um prejuízo de 15,9 bilhões de reais à economia brasileira segundo o Ministério da Fazenda. Concomitante a essa situação é urgente rever à logística do escoamento dos produtos no território nacional. A sujeição do Brasil ao modal rodoviário tem origens históricas no início do processo de industrialização nacional que deu-se por meio do Plano de Metas, programa de desenvolvimento implantado pelo Governo Juscelino Kubitschek. Embora tenha sido relativamente bem-sucedido em sua época, o Plano de Metas investiu quase exclusivamente no transporte rodoviário, sistema de transporte não recomendável em países territorialmente extensos como é o caso do Brasil, já que diminui a competitividade dos produtos no mercado internacional. Esse plano marcou economicamente o Brasil de forma duradoura visto que, segundo o IPEA, ainda hoje o transporte rodoviário é o meio responsável pelo transporte de 76% dos produtos consumidos no país. Paradoxalmente a grande dependência que o Brasil tem do transporte rodoviário, está o enorme potencial mau explorado do país na modalidade hidroviária e ferroviária. Levando em conta que o Brasil é um país como uma grande quantidade de rios e lagos, além da chamada Amazônia Azul, território marítimo que estende-se do sul ao norte do litoral brasileiro, nota-se falta de visão estratégica de todos os governos posteriores ao Governo Kubitschek. É preciso ter em vista ainda que grande parte do relevo brasileiro é composto por planícies o que garante enorme potencial de transporte por meio de ferrovias ao Brasil, há no país, portanto uma enorme demanda por transportes alternativos que pode ser atendida. Diante da necessidade de investimento em transportes é preciso que o Governo Federal organize um novo plano a fim de reformar completamente a infraestrutura brasileira. Essa reforma passa pela construção de portos e atracadouros em locais estratégicos pelo Governo Federal, é ainda essencial o financiamento de navios cargueiros por meio de instituições financeiras públicas com o intuito de incentivar ao máximo a modalidade hidroviária. Além disso é indispensável que recursos sejam dirigidos pelo Governo Federal para reformar as malhas ferroviárias espalhadas por todo o Brasil que estão em estado precário, e também para construir novas ferrovias, expandindo mais ainda o transporte ferroviário. Dessa forma será possível corrigir o erro estratégico que foi relegar os transportes hidroviário e ferroviário em favor do rodoviário, e assim dar um importante passo para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros internacionalmente, permitindo o crescimento sustentável do país.