A discussão acerca dos modais a serem utilizados para o escoamento da produção agrícola no Brasil ainda é muito pertinente e polêmica. E ao passo em que há uma crescente liberdade de produção no campo, os ganhos com ela acabam se perdendo especialmente pela falta de estrutura logística no país. Devido a sua grande extensão territorial, a integração das diferentes regiões do país sempre foi recorrente na historia do Brasil. E foi na década de 1930 que o presidente Washington Luís decidiu que a melhor alternativa para interligar essas regiões eram as rodovias, que demandavam menores custos de construção e manutenção do que as ferrovias já existentes. No entanto, não se imaginava que a produção que seria escoada pelas rodovias crescesse tanto, nem que o petróleo usado como combustível nos automóveis se tornaria escasso tão rapidamente. E o resultado desse planejamento deficitário é o caos na mobilidade, representado pelas péssimas condições das rodovias nacionais e pelo encarecimento da produção agropecuária graças as dificuldades no transporte. Atualmente, 60% do que é transportado no Brasil passa pelas rodovias segundo dados da Fundação Dom Cabral. E as dificuldades resultantes desse transporte elevem o custo das mercadorias, que chegam a ser três vezes maiores quando comparadas com as dos concorrentes diretos do Brasil no mercado mundial, a Argentina e os Estados Unidos. O alto custo e as dificuldades geográficas em algumas regiões fizeram com que o modal ferroviário fosse abandonado pela iniciativa pública, não levando-se em conta seus benefícios, como menores riscos de acidentes e roubos de carga. O abandono das ferrovias é um equívoco, visto que os Estados Unidos, por exemplo, têm 40% da sua produção escoada através das ferrovias, que ainda representam uma excelente alternativa para o transporte de commodities, amplamente produzidos no Brasil. É de suma importância abrir discussão sobre a situação logística nacional, bem como compreender que é inadmissível o desperdício de uma produção agrícola tão farta como a brasileira. É essencial o investimento em projetos como o Plano Nacional de Desenvolvimento, que tem como principal objetivo preparar a infraestrutura necessária para a expansão dos setores de transporte no país, ampliando áreas de pesquisa que venham a aproveitar as ferrovias já existentes, bem como construir novas, visando o lucro a longo prazo. Ainda há necessidade de conferir maior manutenção as rodovias ampliando-as, afim de diminuir o tráfego e os acidentes de trânsito.