Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Alternativas para o escoamento de produtos no Brasil

Redação enviada em 28/08/2018

Em meados da década de 1950, o então presidente Juscelino Kubitschek investiu intensamente na construção de estradas, visto que o setor de transportes era uma das metas desenvolvimentistas mais importantes do seu plano de governo. Graças a isso, o Brasil vivenciou um movimento de integração territorial e de desenvolvimento industrial sem precedentes, culminando na melhoria da economia como um todo. Contudo, décadas após sua instituição, o rodoviarismo brasileiro, antes fonte de esperança, agora é sinônimo de ameaça. Com o passar do tempo, as estradas tornaram-se insuficientes, mal conservadas e inseguras, comprometendo o desenvolvimento nacional e exaltando a necessidade de investimentos em modelos alternativos para o escoamento de produtos no país. O histórico de concentração de investimentos nos transportes rodoviários consolidou, no Brasil, a política rodoviarista, muito criticada por contribuir para que outros tipos de transportes fossem colocados em segundo plano, ou até mesmo esquecidos. Nesse contexto, de acordo com estatísticas do IPEA, cerca de 62% dos transportes no país são realizados por rodovias e estradas. Todavia, ao contrário do que se possa imaginar, dados do DNIT apontam que a maior parte das vias brasileiras está em péssimas condições, favorecendo a ocorrência de acidentes, o roubo de cargas, a poluição ambiental e o atraso nas entregas, fatores contribuintes ao encarecimento de fretes e mercadorias. Por conta disso, há cerca de dois meses, uma paralisação dos caminhoneiros brasileiros - responsáveis, segundo o IPEA, pela distribuição de cerca de 76% dos insumos e produtos consumidos no país, demonstrou a enorme fragilidade logística nacional, altamente dependente do modal rodoviário. Entretanto, apesar da importância das estradas na história do desenvolvimento nacional, existem, no Brasil, outras modalidades para o transporte de passageiros e cargas, dentre as quais, destacam-se as ferrovias e as hidrovias, que costumam apresentar uma melhor relação custo-benefício para quem as utiliza. Sendo assim, o Brasil, dono de proporções continentais, apresenta relevo livre de grandes obstáculos geográficos, tornando-se favorável à construção de ferrovias. Aliás, tanto a economia quanto o modelo de produção brasileiros- ambos voltados à produção e exportação de commodities- são altamente compatíveis com o transporte sobre trilhos. Pensando nisso, o economista Gesner Oliveira, professor da FGV, levantou dados que evidenciam a superioridade de benefícios do modelo ferroviário em comparação ao rodoviário: segundo o especialista, enquanto uma carreta bi-trem transporta cerca de 36 toneladas de grãos, um vagão graneleiro leva 100 toneladas por viagem. De forma semelhante, o modal hidroviário apresenta muitas vantagens, uma vez que, de acordo com informações do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, o Brasil possui doze bacias hidrográficas distribuídas ao longo de todo o território nacional. Por sua vez, conforme Gesner Oliveira, a navegação é o modal de transporte que apresenta o melhor desempenho entre as modalidades de transporte, pois, além de uma barcaça conseguir levar o equivalente à capacidade de 15 vagões, ou, ainda, de 58 carretas, o país conta com cerca de 42 mil quilômetros em rios comercialmente navegáveis. Por esses motivos, fica claro que os rios brasileiros e as ferrovias são passíveis de serem percorridos a baixíssimo custo e com o menor impacto ambiental possível, tornando-se excelentes alternativas às rodovias. Diante desse panorama, torna-se óbvia a necessidade de investimentos para a adequação e melhoria da malha de transportes no Brasil. Sendo assim, cabe ao Governo Federal, por meio do Ministério dos Transportes, promover a manutenção preventiva das estradas de rodagem, bem como o monitoramento e a segurança nas vias, assegurando aos usuários o bom desempenho delas. Complementarmente, deverão ocorrer investimentos governamentais na recuperação e ampliação das ferrovias e hidrovias por meio da contratação de empresas privadas especializadas no ramo, garantindo, assim, a expansão da utilização desses modais no país. Por fim, o investimento em formas alternativas de transporte conduzirá o Brasil a um patamar de autossuficiência logística, potencializando o desenvolvimento nacional.