Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Alternativas para o escoamento de produtos no Brasil

Redação enviada em 08/07/2018

Em seu poema antifuturista, intitulado Cota Zero, o escritor Carlos Drummond foi breve, porém crítico e reflexivo, ao sugerir que se o automóvel parar, a vida também para, ou, ao menos, essa será a sensação que as pessoas terão. Nesse cenário, tão atual quanto à crítica do autor, insere-se a problemática do transporte de cargas no Brasil, que por ser predominantemente estradista, recentemente, fez com que a economia do país e a regularidade de todos os setores, essenciais à sociedade, enfrentasse um caos ante à paralisação de caminhoneiros. A partir desse contexto, a hegemonia do modal rodoviário e o desinteresse político em promover a inserção e integração dos demais meios, como o ferroviário, podem ser apontados como propulsores do dilema. Atualmente, o escoamento de cargas é considerado o gargalo do desenvolvimento econômico. Isso se deve ao crescimento acelerado da agropecuária que elevou o Brasil, à nível mundial, como um dos maiores exportadores de grãos e bovinos. Assim, o deslocamento dessa produção esbarra na deficiência das modalidades existentes (rodovias precárias, ínfimas linhas férreas e hidrovias). De acordo com a Confederação Nacional dos Transportes – CNT – cerca de 76% das mercadorias são conduzidas em caminhões, que consiste no meio mais custoso ao produtor, com reflexo direto no preço ao consumidor. Tal constatação demonstra o despreparo de um país, com uma economia emergente, que se tornou dependente de um determinado segmento (rodoviarista) insuscetível de falhas, sob pena de descontinuar a economia nacional e interferir no cotidiano de toda a sociedade. É necessário lembrar que, a partir de 1950, as políticas de sucessivos governos emprenharam-se na abertura de estradas com o desígnio protecionista de promover a indústria automobilística. Da mesma forma, é possível dizer que a carência por diversificação de malhas viárias está atrelada aos interesses de empresários do ramo rodoviário que pretendem continuar liderando o setor, logo, para que isso ocorra, a influência do governo é fundamental. Esse fato explica o porquê de ferrovias que não saíram do projeto e outras inacabadas, como a Transnordestina e a Norte-Sul, estrategicamente, esquecidas pelo poder executivo. Urge, pois, que haja a diversificação nos modais de translado de produtos no Brasil e que o assunto seja inserido, com responsabilidade, nas metas político-econômicas. Para isso, é imprescindível que o Governo Federal conclua as ferrovias já iniciadas, haja vista que as verbas destinadas à construção foram previstas na inicial dos projetos e, consequentemente, não podem desparecer como se esse fosse o tratamento normal a ser dado ao erário. Ademais, cabe à população fiscalizar e denunciar aos ministérios públicos toda e qualquer irregularidade ou atrasos em obras, desse modo, com a sociedade alerta, governos serão responsabilizados e, quiçá, deixarão de beneficiar alguns em detrimento da coletividade.