Produção. Tecnologia. Consumo. Estes três processos, intensificados sobretudo após as Revoluções Industriais, apresentam em comum a importância dos meios de transporte para que estes se tornem viáveis para a população. Desde as indústrias de base até as indústrias de bens de consumo, o transporte entre elas e o mercado consumidor é imprescindível para a subsistência e a economia do país. Desta forma, é incoerente pensar que um país que depende tanto do escoamento de produtos apresente péssimas condições de infraestrutura direcionadas para os mesmos. A industrialização brasileira, assim como a da maioria dos países emergentes, foi tardia em relação aos países desenvolvidos. Neste sentido, somente a partir do governo de Getúlio Vargas na década de 30, ocorreram incentivos à industrialização do país, ocasionando um intenso êxodo rural e provocando a macrocefalia urbana em decorrência do não planejamento urbano. Como conseguinte, o trânsito nas cidades, sobretudo nas metrópoles brasileiras, se encontra em intensa expansão, uma vez que os habitantes são obrigados a se deslocarem por grandes trajetos diariamente. Ademais, o país utiliza-se majoritariamente da rede rodoviária de transporte, no qual a "miscigenação" das rodovias composta por veículos de grande porte, veículos de passeio e veículos de transporte de massa contribuem para o delongamento do escoamento de produtos pelo Brasil. A distribuição da produção agropecuária e tecnológica pelo território nacional se faz principalmente através de veículos de grande porte como os caminhões, apresentando elevados inconvenientes, sobretudo intensificados pelo território apresentar dimensões continentais. Por este ângulo, a pouca capacidade de armazenamento de carga associado a altos gastos com combustíveis, torna esta forma de escoamento um tanto quando inadequada ao nosso contexto. Prova disso foi a greve de caminhoneiros que parou o país em maio deste ano, no qual, entre outros motivos, se manifestaram contra os intensos reajustes do diesel, comprovando a significância destes para a homeostase brasileira. Fica evidente, portanto, a urgência em haver uma mudança na estrutura de transporte brasileiro, substituindo o escoamento rodoviário à outros meios como o ferroviário e o hidroviário. Neste sentido, cabe ao Estado investir em infraestrutura sobre a esfera federal garantindo a modernização e a ampliação de ferrovias e portos no país. Além disso, deve-se haver a promoção de novos empregos aos que ficarão desempregados, de forma a assegurar que estes não sofram demasiadas consequências com estas mudanças. Somados estes fatores, talvez consigamos dar o primeiro passo rumo a um escoamento produtivo mais democrático e sem tantos impactos sobre os trabalhadores e os consumidores do país.