"Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências". Essa frase de Pablo Neruda remete a um país que escolheu não abranger os modos de escoamento de produtos e as consequências são a precariedade comercial vigente. Nesse parâmetro alarmante, urge a necessidade de mudança nas formas de despachar mercancias nacionais e as problemáticas tornam-se persistentes pela falta de um sistema multimodal e de iniciativas públicas. A princípio, existe um deficit em relação à integração nos transportes do país. Segundo a Geografia, uma rede multimodal consiste na articulação entre vários modos de transporte, de forma a tornar mais rápidas e eficazes as operações de transbordo. Essa agregação se faz necessária pelas condições de custo/benefício, já que desde o governo de Juscelino Kubitschek, a malha rodoviária foi altamente incentivada e, com isso, houve desprezo dos outros meios de deslocamento. Embora tenha passado décadas da presidência de JK, sua iniciativa ainda é presente no Brasil contemporâneo e isso acarreta problemas nos escoamentos de produtos, haja visto que o uso das rodovias é maior e não é indicado para grandes distâncias e cargas. Além disso, a ineficiência Estatal em garantir reformas nesse âmbito potencializa os problemas. De acordo com a Lei Maior, é dever do Estado amparar a população de acordo com as necessidades. Sob essa ótica, o governo brasileiro apresenta divergências sobre a afirmação da Carta Magna, devido à falta de incentivo nas mudanças estruturais indispensáveis em um país populoso e exportador, como o Brasil, que é o principal país a exportar soja e grãos no mundo, de acordo com o Ministério da Agricultura. Desse modo, se espera de uma nação, com esse porte, uma malha de transportes de carga que não prejudicasse o funcionamento populacional e do agronegócio. Em suma, as alternativas para mitigar os problemas no escoamento de produtos no país são, de certo, aplicação de novos sistemas e ação governamental. Por isso, é necessário que o Ministério do Transporte possa integrar os meios de transportação, para isso faça parcerias com transportadoras privadas e atribua incentivos fiscais àquelas que utilizarem complementos a malha rodoviária, a fim de reduzir a singularidade nos transportes e, dessa forma, aumentar os métodos de escoar mercadorias. Simultaneamente, cabe ao Ministério da Fazenda destinar parte do PIB brasileiro na instalação ferrovias e manutenção dos portos do país. Só assim, o Brasil concretizará a ideia de Émile Durkheim: a sociedade é um corpo social e suas partes devem se integrar harmonicamente.