Título da redação:

Da greve ao caos

Tema de redação: Alternativas para o escoamento de produtos no Brasil

Redação enviada em 23/10/2018

Em maio desse ano, o Brasil passou por um episódio que abalou suas estruturas: a greve dos caminhoneiros. Demandando menores e estáveis preços para o diesel, essa classe se mobilizou e interrompeu suas atividade. Sem produtos nas prateleiras dos mercados, e poucos posto com gasolina, o principal flagrante da greve foi o quão dependente o país é de seu sistema rodoviário para transporte. Diante desse cenário, fruto de um longo processo histórico de escolhas governamentais equivocadas, urge reformá-lo. Primeiramente, deve-se compreender as razões pelas quais o Brasil é tão refém de seu transporte rodoviário e porque ele não é o mais interessante. Desde o governo Juscelino Kubitschek, na décadoa de 50, o país optou em interiorizar-se via rodovias, principalmente a fim de incentivar sua incipiente indústria automobilística. Entretanto, a matriz de transporte brasileira tornou-se refém desse sistema, que é necessário, mas não deveria ser o principal. Ineficiente para o transporte de grandes volumes de carga e com alto custo de manutenção, essa opção não mais faz sentido no panorama atual, e inclusive, torna o país pouco competitivo para o investimento internacional, já que há o encarecimento do frete. Conclui-se, dessa forma, que a construção de rodovias um dia fez-se imprescindível, mas não atualmente. Contudo, o Brasil, em razão de suas características morfológicas, possui plena capacidade de resolver esse problema. Contando com vários rios navegáveis, o país subutiliza seu transporte hidroviário. Ademais, possui poucas ferrovias, e muitas não se adequam entre si, ou seja, um mesmo trem não consegue percorrer todos os trilhos de ferro que o país possui, que inclusive, não são suficientes. Essa diversificação na matriz de transporte é observada em quase todos os outros países, e revela-se pré-requisito para que a economia nacional avance, dando eficiência ao seu sistema de frete e transporte. Nesse sentido, a greve deflagrada no início do ano não teria o mesmo impacto que teve. Porém, se o setor público não se mobilizar nessa direção, ainda que em parceria do setor privado, não haverão melhoras significativas para essa questão. Infere-se, portanto, que o sistema de escoamento brasileiro é extremamente e perigosamente dependente do meio rodoviário, e isso obstaculiza um maior desenvolvimento econômico do país. Para tanto, faz-se mister que o Ministério de Transportes, em parceria com empresas do setor privado, invista seus recursos em obras de ferrovias pelo país, e termine as várias que estão inacabadas, além da criar portos que viabilizem a navegação de cabotagem pelos rios navegáveis estratégicos pelo território, objetivando uma maior diversificação, eficiência e competitividade do deslocamento de cargas pelo país, seguindo exemplo de países como Estados Unidos. Assim, estar-se-á próximo de um país que não para com suas estradas.