O artigo 227 da Constituição Federal da República Federativa do Brasil afirma que é dever da família, da sociedade e do Estado garantir à criança o direito à dignidade e ao respeito, além de colocá-la a salvo de toda forma de negligência e de violência. No entanto, ao analisar a situação da violência infantil no país, percebe-se que o ideal progressista da década de 1980 - em que fora promulgada a Carta Magna - é verificado apenas na teoria, e não desejavelmente na prática. Sendo assim, torna-se evidente a relevância de se debater a respeito dos fatores das origens e das consequências da violência contra as crianças e os adolescentes do país, assim como formas de combatê-la. De acordo com a Fundação das Nações Unidas para a infância, são registradas no Brasil, contra crianças e adolescentes, em média 129 casos de violência psicológica e física, incluindo abuso sexual e negligência, pelo Disque 100. Isso evidencia, que a questão legal se encontra, indiscutivelmente, dentre as principais causas da problemática, uma vez que as instituições de ordem social não vêm obtendo êxito na proteção efetiva das crianças brasileiras. Essa ideia ainda pode ser comprovada por meio da música ''Camila, Camila'' interpretada por Theddy Correa. Nessa composição, o eu-poético expressa sua situação crítica por meio de expressões como ''E eu que tinha apenas 17 anos baixava a minha cabeça para tudo, era assim que as coisas aconteciam ''. Dessa forma, medidas que tenham como objetivo auxiliar as autoridades no cumprimento das leis e na aplicação dos direitos humanos são necessárias. Em segunda análise, as consequências da violência de cunho emocional e corporal para os infantes brasileiros também devem ser destacadas. Segundo a Coordenação Técnica de Saúde Mental do Instituto Fernandes Figueira, dificuldades de socialização, baixa autoestima, depressão, comportamentos oscilantes e dificuldades de aprendizado são exemplos de como a violência tem graves impactos no desenvolvimento da criança que a sofre. Tal premissa também pode ser ratificada, analogamente, no filme '' O Silêncio de Lara ''. A produção cinematográfica retrata a trajetória da personagem Lara desde os episódios de exploração sexual até sua decisão de denunciar o ocorrido. Sendo dessa maneira, providências no sentido ampliar programas de inclusão e socialização das vítimas de atos hostis e estimular a denúncia, a qual teve papel decisivo no filme para dar fim à agressão sofrida pela personagem, são imprescindíveis. Destarte, em vista de erradicar tal paradigma, o Ministério da Criança e do Adolescente deve, em consonância com a Polícia Militar e Civil, estimular a delação (por meio da ampliação das plataformas de denúncia) das violações às garantias da criança. Paralelamente, cabe ao Poder Legislativo e à mídia divulgar, por intermédio de propagandas e cartilhas esclarecedoras, a Constituição Federal de 1988 e a Declaração dos Direitos Humanos de 1948 . É possível ainda que o Governo Federal coordene, junto às ONGs e aos profissionais da área, projetos que assegurem a segurança e a inclusão das vítimas.