Título da redação:

A violência infantil vem de berço

Tema de redação: Alternativas de combate à violência infantil no Brasil

Redação enviada em 30/09/2017

O escritor italiano Vincenzo Cuoco disse: “Sem instrução, as melhores leis são inúteis”. Observamos isso com a violência infantil no Brasil, somente mudanças na lei, sem mudança cultural, não surtiram o efeito desejado. As estatísticas ainda apontam um alto número de jovens que sofre violência cotidianamente, é necessário mudar essa cultura da violência infantil no Brasil. Há 27 anos o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), o qual define a proteção integral à criança e adolescente, foi estabelecido, em 2014 foi criada a Lei do Menino Bernardo, a qual proíbe tratamentos cruéis ou degradantes na educação dos jovens. Contudo, em 2016 foram registrados, pelo Disque Denúncia 100, em média, 129 casos por dia desse tipo de violência, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Logo, notamos a necessidade de outras soluções, além da legislação, respostas socioculturais e pedagógicas. Outro dado importante é o apontado pela UNICEF: 80% destes casos de agressão são causados pela família e não são levados ao conhecimento das autoridades, ficando dentro da esfera familiar. Ne sentido, o número real de vítimas é maior que o registrado, e a violência está enraizada principalmente no convívio familiar. Exemplo são as palmadas e ofensas utilizadas como ferramentas pedagógicas. Elas constituem-se como parte do relacionamento familiar, o que causa no jovem a naturalização da violência e a dificuldade de reflexão sobre os aspectos morais de seus atos, pois a educação moral vem pelo medo e não pelo dialogo reflexivo, construindo, assim, um adulto que resolve seus problemas por meio de agressões físicas ou verbais e repetirá essa prática na sua família, formando um ciclo de violência. Diante desses números, é evidente a importância da família para extinção da violência infantil. Portanto, projetos de leis garantidores de direitos e da dignidade das novas gerações são fundamentais, mas precisamos também mudar os hábitos familiares. Para tal, os pais devem participar de eventos e palestras nas escolas sobre o assunto, com a presença dos professores e do conselho tutelar, para discutirem os danos da violência verbal e física na formação dos jovens e aprender outras práticas educacionais. Também, seria essencial que os grandes meios de comunicação se engajassem nesta mudança cultural, com a apresentação dessa temática no horário nobre, levando a sociedade a refletir e discutir sobre o assunto. E por fim, o Ministério da Educação pode aproveitar as disciplinas de sociologia e filosofia e colocar o tema na grade curricular para o aluno refletir sobre a validade da violência dentro da família, e assim as próximas gerações podem assumir a prática do diálogo.