Título da redação:

A agonia no silêncio

Tema de redação: Alternativas de combate à violência infantil no Brasil

Redação enviada em 06/06/2017

A violência faz-se presente, no Brasil, de maneira histórica. Seja com o processo de colonização que culminou em mortes indígenas, as torturas da escravidão ou a sociedade patriarcal que se estabeleceu pelo autoritarismo, pela força e violência física. Na literatura, também é possível visualizar aspectos dessa sociedade violenta. No conto Negrinha, de Monteiro Lobato, uma criança negra e filha de escrava sofre violências física e psicológica pela mulher que a criou. Contudo, não apenas na história ou na literatura brasileira a violência, incluindo a infantil, está presente. De acordo com a Fundação Abrinq, mais de cem casos de violência psicológica e física, incluindo a sexual, e negligência contra crianças e adolescentes são reportados todos os dias, em média, ao Disque Denúncia. Todavia, com um histórico de violência tão presente culturalmente, algumas atitudes sequer são vistas como violentas ou são aceitas como uma forma de impor autoridade. Com isso, o número de denúncias ainda é pequeno em comparação com a realidade. Dessa forma, chantagens, humilhações, ameaças, beliscões, xingamentos ou a retirada da criança da escola para trabalhar nem sempre são considerados atos cruéis e acabam não sendo denunciados pela sociedade, acarretando na perda da infância e em estados psíquicos negativos e depressivos para o agredido. Importante salientar, também, que o Estado e a sociedade mostram-se, por vezes, ineficientes para lidar com tal questão. Não raro, em julgamentos de violência infantil, a criança é posta na frente do agressor para relatar as violências sofridas, o que acaba intimidando-a. Ademais, o fato de muitas violências serem cometidas por pessoas próximas ou familiares - como pai, mãe, irmãos - faz com que, mesmo sendo violentada, um sentimento de afeto da criança pelo agressor a impeça de denunciar e a comunidade no entorno não o faz por achar que se trata de assuntos de família no qual não deve se intrometer. No entanto, a importância da sociedade em, ao perceber uma violência, denunciá-la está para evitar que casos extremos e inconvertíveis de violência, como o caso da menina Isabella Nardoni, jogada do alto de um edifício pelo pai e pela madrasta, tenham menos chances de ocorrer. É necessário, portanto, que o sistema judiciário brasileiro aprimore o julgamento de tais casos, contando com ajuda psicológica e um ambiente seguro e confortável para a criança conseguir denunciar os abusos sofridos. Faz-se necessário, também, que ONGs engajadas com o assunto façam campanhas publicitárias em locais de grande acesso, como redes sociais, orientando a população em como denunciar uma suspeita de abuso e a importância em fazê-lo. À escola, cabe orientar os educadores para que percebam comportamentos estranhos à criança e passem para o Conselho Tutelar tomar as medidas cabíveis além de debater o assunto com os pais, em reuniões escolares, expondo os efeitos negativos dos diversos tipos de agressões e a importância de denuncia-las ao percebê-las em outras famílias.