Título da redação:

O Analfabetismo Científico brasileiro

Tema de redação: A volta de doenças erradicadas no Brasil

Redação enviada em 09/02/2017

Obra publicada no final do século XIX, as Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, retratou um dos amores do defunto autor, Nhã-Loló, morta ao contrair febre amarela. Contudo, não distante dessa situação, a volta de surtos e mortes por infecções consideradas erradicadas no Brasil tornou as manchetes na atualidade, provocados pela desinformação e pelo descaso populacional, além da ausência de meios político-sociais interventores na sociedade atual. É fundamental analisar, em primeiro lugar, o analfabetismo científico no Brasil. Assim, Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, afirmou que vivemos em uma Modernidade Líquida, afetada pelo excesso de informações e pela passividade em recebê-las. Dessa forma, a "epidemia" de falsas notícias, principalmente pelos meios digitais, cria situações de desleixo, como a despreocupação com o mosquito Aedes aegypti após circulações duvidosas na mídia de seu controle e o desaparecimento sazonal nos noticiários em 2016 que resultaram em novos casos de dengue e outras doenças no ano seguinte. Ademais, convém ressaltar a falha dos órgãos públicos no combate às enfermidades. Dessa maneira, dados recentes do IBGE apontaram mais de 70% dos municípios brasileiros como não possuidores de políticas municipais de saneamento básico, além da falta de vacinas em muitos postos de saúde, deixando incontestável a ausência de intervenções do Estado no controle de doenças. Além disso, muitas Companhias exercem desmatamentos ilegais que estimulam a migração de vetores de doenças, como o inseto barbeiro, para áreas urbanas, precisamente pela falta de fiscalizações dos órgãos ambientais a respeito desses grupos. Fica evidente, portanto, a necessidade de ações profiláticas eficientes no Brasil. Para isso, ONGs, com o apoio do governo, podem promover a fiscalização e a preservação das áreas florestais, além de criar campanhas que incentivem a vacinação, além de melhor distribuí-las em todas as regiões do país. A mídia pode criar ficções engajadas, como novelas e séries, e reportagens de cunho investigativo que denunciem a gravidade dessas enfermidades e que estimulem a cobrança da sociedade aos órgãos públicos para a melhoria da situação. Por fim, cabe a sociedade se conscientizar da importância dos cuidados com a saúde, filtrando melhor as notícias ofertadas nas redes sociais, para que, enfim, doenças como a febre amarela perpetuem apenas nas memórias do defunto autor.