Dengue e febre amarela. Duas doenças erradicadas. Duas doenças que ressurgiram. O Brasil, na era da tecnologia e do domínio do homem sobre a natureza, enfrenta o reaparecimento de duas velhas conhecidas, resultado de anos de descaso com o futuro. Existe um imediatismo institucional no Brasil, tanto na esfera política como na civil. As campanhas e ações duram apenas o tempo necessário para a resolução do problema, sem levar em conta a reincidência do mesmo. Em caso análogo ao das doenças, temos o descaso da população com a água, que, após o anúncio da recuperação do sistema Cantareira, praticamente se esqueceu da crise e dos cuidados a serem tomados. As autoridades, com seus programas de ação restritos, também contribuem para a situação atual. O mosquito transmissor da febre amarela, Aedes aegypti, transmite também Chikungunya e Zika. Nos anos anteriores, houve foco na dengue, resultando em uma diminuição de 76,4% dos casos, segundo o Sinan. Mesmo assim, houve em 2017 a volta da febre amarela, com 2 mortes registradas, fato que demonstra o desleixo com as demais viroses transmitidas pelo mesmo mosquito. O mesmo descaso se apresenta no aspecto das ocupações humanas. O Brasil, como país emergente, sofreu transformações nos recentes anos, que incluem concentração populacional e ocupação de novas áreas. Como no surgimento das primeiras moradias, não houve planejamento, de modo que a falta de saneamento torna grande parte das novas habitações criadouros de mosquitos e de agentes causadores de doenças. O reaparecimento de doenças erradicadas é, portanto, mera consequência das políticas e ideias mantidas pelo país. Assim, o estudo da prevenção nas escolas e a criação de planos de ação que levam em conta a erradicação e prevenção, tanto de doenças como da desigualdade, são um passo que se mostra necessário para um Brasil desenvolvido.