No filme “Uma noite de crime”, uma vez por ano, por 12 horas, as pessoas estão livres para cometerem qualquer tipo de crime sem serem punidas. Apesar de se tratar de uma ficção o Brasil enfrenta um cenário semelhante ao longa-metragem, pois o Estado brasileiro tem falhado em seu objetivo principal, que é o de promover a justiça e as liberdades individuais. Além disso, é preciso compreender o passado histórico do país e como as desigualdades acentuam a violência. É elementar que se leve em consideração, primeiramente, a histórica violência, do império a república atual, com que foi formada a Terra Tupiniquim. À vista disso, é possível pontuar diversas situações de extrema violência, tais como revoltas e rebeliões, a consolidação dos coronéis, a ditadura militar de 1964 e o processo de favelização. Todos esses movimentos ao longo dos anos permitiram uma naturalização da violência, apagando e muitas vezes minimizando seus impactos, uma consequência é o imaginário brasileiro achar que o Brasil é um país pacífico, refletindo críticas como de Leandro Karnal que diz, “somos um povo pacífico cercado de pessoas violentas”. Outrossim, é essencial perceber que as desigualdades sociais e econômicas ampliam a violência, a medida que essas diferenças dificultam e de certa maneira criam barreiras para os indivíduos prosperarem. Para perceber essa realidade basta analisar o sistema prisional em que a maioria dos detentos são negros e de baixa renda, ao contrário do que deveria acontecer as prisões são uma “escola do crime”. Dessa maneira, o encarceramento sem um planejamento de socialização contribui para o aumento da violência, visto que muitos são reincidentes e/ou fazem parte do crime organizado. Contudo, vale ressaltar que de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil é o nono país mais violento do mundo, esse dado reflete as diversas violências que atingem as cidades, sejam elas por roubos, tráfico, violência doméstica e conflitos familiares, portanto a educação desde a infância possui papel fundamental no combate a essa mazela. Por conseguinte, para minimizar o problema da violência urbana no Brasil é preciso que a educação, aliada a justiça, tenham papel central. Portanto, cabe as Secretarias de Educação, promover concursos culturais com palestras e dinâmicas em grupos, para discutir criticamente todos os tipos de violência que permeiam a sociedade, criando cidadãos mais conscientes e aptos a resolvem, de forma correta, tais conflitos. É fundamental, ainda, que o Governo Federal libere maiores verbas para investir-se na segurança pública, seja na contratação de mais policiais e um planejamento da secretaria de Justiça no cumprimento rápido e efetivo das leis. Somente com um plano educacional e uma atuação plena do Estado o Brasil ficará longe da realidade de “uma noite de crime”.