Em um sistema capitalista, junto com a liberdade de mercado vem uma característica negativa: a desigualdade social. Atrelada à fome e à subsistência, a extrema disparidade de distribuição de renda é um dos pilares da violência urbana no país. "Quem é preto como eu já tá ligado qual é: nota fiscal, RG, polícia no pé". O trecho pertence à música "Qual Mentira Vou Acreditar", do grupo de RAP paulista "Racionais MC's", e ilustra um jovem negro saindo à noite quando é abordado pela polícia. Existe no Brasil um racismo enraizado, que vai de encontro com a população miscigenada que habita o país. Esse preconceito é institucionalizado em grupos como as policias civis e militares, que juntas foram responsáveis pela morte de mais de cinco mil jovens negros em 2018. Outros fatores que contribuem para a violência policial são a renda e a localização geográfica da moradia. Ser negro, pobre e morar em periferia é um banquete para os leões fardados. O caráter opressivo direcionado pelos policias a esses grupos mais frágeis faz com que se crie na população um medo de questionar abusos de autoridade ou excessos do uso de força, muitas vezes cometidos pelos agentes da lei. Através desse medo, é criado um arquétipo de policial ser uma divindade grega, que pune quem discordar de si conforme seu humor. Urge a necessidade de focar na formação humanística dos agentes policiais, com disciplinas que apresentem o Brasil como ele é, suas diferenças sociais e problemas urbanos. Isso será feito com a parceria entre governos estaduais e instituições de polícia, inserindo essas grades em escolas de formação de oficiais da lei, para que tenham plena ciência de seu papel na sociedade e, desta forma, conscientizando soldados da gravidade de atos cometidos anteriormente.