Dentre as cinquenta cidades mais violentas do mundo, com base no número de homicídios a cada cem mil habitantes, vinte e uma são do Brasil, de acordo com uma importante ONG mexicana. A maioria das cidades brasileiras da lista pertencem à região nordeste, e uma relação que pode ser feita não envolve diretamente pobreza, mas sim desigualdade social, uma questão que se pode aplicar a diversas regiões com forte presença da criminalidade. Em suma, a ineficiência ou mesmo inexistência de política públicas sociais, além da crise econômica pela qual o país passa atualmente, são fatores que ocasionam a manutenção ou até o crescimento desse ciclo de violência urbano. Nessa contexto de marginalização social, os grandes prejudicados são os jovens atraídos pelas grandes organizações criminosas com as quais são obrigados a conviver todos os dias. São indivíduos que morrem cedo ou são mandados para reformatórios e sistemas carcerários extremamente violentos que apenas pioram sua condição. Embora tantos neurologistas indiquem que tais jovens ainda podem ter um desenvolvimento cognitivo capaz de produzir um melhora comportamental, a aplicação dos meios necessários para que tal feito aconteça não são postos em prática nos reformatórios, e a conduta violenta propiciada pelo meio se mantém. Com a persistência da condição de violência nos grandes centros urbanos, a sociedade é obrigada a conviver sob o temor da própria segurança posta em risco, o que ocasiona os grandes discursos de ódio, o desconforto com a impunidade e até mesmo casos de justiça com as próprias mãos, reafirmando o velho ditado popular "violência gera violência". Embora muitas dessas reações ao contexto de violência urbana seja excedente, é compreensível o receio de um cidadão que extrapola em seus discursos e que tem dificuldade de compreender o lado de um criminoso. No entanto, na justiça, é necessário imparcialidade e análise de todas as perspectivas. Diante dos fatos apresentados, são necessárias políticas públicas educacionais por parte do Ministério da Educação nos centros urbanos, com estímulo para projetos extracurriculares como esportes para atrair os jovens para longe da vida criminosa. O governo federal deve gerar reformas no sistema carcerário, com a ampliação estrutural e uma melhor organização interna, de modo a conter casos de agressividade interna e de lotações. Por fim, a mídia, diferente da espetacularização da violência, deve estimular propaganda apaziguadoras para a população, informando, além dos grandes casos de violência urbana, os gestos humanitários pelos quais a sociedade passa todos os dias.