Título da redação:

Nunca mais Escravocratas

Tema de redação: A violência urbana e a falência do sistema público de segurança no Brasil

Redação enviada em 19/07/2016

Ao longo do processo de colonização do Brasil, muitos escravos foram trazidos em condições desumanas da África para as terras tupiniquins. Depois de explorados por décadas, tais escravos eram libertos por meio de cartas de alforria concedidas por seus senhores. Contudo, mesmo livres, eram negados suporte na busca de emprego e moradia pelo Estado. Analogamente, pode-se estabelecer um paralelo com o passado escravocrata, a violência e o sistema prisional brasileiro, haja vista que, as prisões são como os navios negreiros modernos por suas condições insalubres, bem como presos libertos não contam com o Estado para reinseri-los na sociedade, assim como os escravos - revelando o precário sistema prisional e a crescente violência urbana no país. É indubitável que a educação é a base da prevenção de um sistema carcerário deficiente e da violência generalizada. Segundo o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, a educação é liquida, uma vez que, se não há preocupação com a educação, essa escorre pelas mãos do Estado, mostrando as consequências que a falta dela provoca. De maneira análoga, é possível perceber tal afirmativa ao analisar dados do IBGE que apontam que apenas 11% da população adulta tem ensino superior e 49% não tem sequer o ensino fundamental, expondo, assim, o descaso do governo com a educação. Outrossim, as consequências de tal despreocupação governamental são o aumento da criminalidade urbana e a superlotação de presídios. Dados do Mapa da Violência registram que, no Brasil, a cada 100.000 habitantes, 26 serão assassinados, enquanto países que se preocupam com a educação, como a Inglaterra e França, registram menos de uma morte pelo mesmo número de habitantes. Ademais, a falta de incentivos à capacitação profissional e o estudo dos detentos geram um desafio à ressocialização dessas pessoas que, quando libertas, não encontram outras alternativas a não ser voltar ao mundo do crime para garantir sua sobrevivência, gerando um ciclo vicioso de violência no país. Fica evidente, portanto, que a violência e o ineficaz sistema prisional brasileiro contam com raízes históricas, culturais e sociais. Medidas precisam ser tomadas a fim de atenuar a problemática. O Governo Federal deve criar mecanismos de ressocialização dos detentos, como cursos de capacitação profissional, ministrados por peritos na área em questão, para que esses possam trabalhar após cumprirem suas penas. O Ministério da Educação deve criar unidades escolares prisionais para que os presos possam estudar e, possivelmente, entrar em uma universidade, bem como a Secretaria de Segurança deve garantir, por meio de fiscalização, condições para que tais escolas possam existir. Dessa forma, será possível acabar com a liquidez da educação no país, garantir a atenuação da criminalidade e, por fim, reescrever a herança do passado escravocrata brasileiro.