O povo brasileiro, devido a seu passado colonial e sua tardia consolidação como nação, enfrenta, ainda hoje, questões sobre o que o define como unidade. A construção do sentimento de nacionalidade, assim como os objetos culturais que a representam, de fato, surgiram somente durante a Era Vargas. Então, nesse sentido, cabe analisar que expressões culturais ainda não fazem parte do que é ser brasileiro e de que formas sua valorização pode contribuir para uma melhor compreensão da identidade nacional. Primeiramente, apesar do sincretismo entre a cultura europeia e africana, esta, até o momento, assume uma posição inferior no Brasil. Hoje, é inegável que a maior parte da população possui descendência negra e africana, contudo, como analisado por Darcy Ribeiro, o brasileiro não aparenta ter orgulho de suas origens. Assim, o que ocorre é a discriminação de danças folclóricas, como a roda de coco e o maracatu, e também de práticas religiosas, cujo preconceito se materializa na forma de lei, ao serem categorizadas como cultos. Com isso, a Umbanda e o Candomblé possuem menos direitos do que religiões cristãs. Ainda, esse vão entre tais expressões culturais, incluindo-se a indígena, leva a um aumento da intolerância e a perda do sentimento de unidade. À exceção de eventos como Copas do Mundo, o brasileiro, com efeito, não expressa sua nacionalidade e não age tendo, como fim, sua comunidade. Essa forma de distanciamento identitário, desse modo, potencializa ações que Sergio Buarque de Holanda conceitua como as do “homem cordial”, em que o cidadão, à custa do benefício geral da sociedade, prioriza o de pessoas que pertencem a seu grupo social mais próximo. Em suma, o sentimento nacional, até hoje, não é forte o suficiente para sobrepor-se a outras identidades. Infere-se, portanto, que para que se construa um país mais unido, é necessário reconhecer e valorizar toda cultura que participou da construção do Brasil. Para tal, por conseguinte, é necessário que o Congresso Nacional reconheça como expressões religiosas, garantindo-lhes mais direitos, práticas de origem indígena e africana. Ademais, é preciso que haja maior conhecimento sobre essas diferentes expressões, o que poder ser realizado pela sua divulgação em novelas, pela mídia, à medida que essa diminua sua preferencia pelo mesmo espectro cultural do brasileiro branco, rico e cristão. Dessa forma, haverá maior integração cultural e um maior sentimento geral de nação.