Em tempos de globalização e contato direto com outros países, o brasileiro frequentemente sente-se mais próximo à cultura estrangeira do que à de seu próprio país. Muito se fala acerca da necessidade de o brasileiro criar vínculos com a identidade nacional. Porém, com tanta diversidade, é difícil definir o que, exatamente, viria a ser a "cultura brasileira". Muitos sociólogos e antropólogos defendem que a ausência de uma cultura brasileira bem definida vem do fato de o Brasil ter sido formado por tantos povos culturalmente distantes entre si. A grande extensão do país também favorece o distanciamento intrapopulacional, pois diferentes meios culturais estão, relativamente, isolados geograficamente. A identidade socioetnocultural brasileira existe, em grande parte, apenas a nível regional - e mesmo em âmbito regional, o brasileiro geralmente possui muito pouco conhecimento acerca da cultura indígena, por exemplo. O preconceito cultural também possui um papel nesse distanciamento. Devido ao Brasil ser um país sub-desenvolvido, sua cultura é desvalorizada. Mesmo esta possuindo extenso histórico musical, literário, entre outros, muitos brasileiros consideram a cultura de seu país "desintelectualizada", se comparada à dos países europeus por eles tomados como referência. Aliás, o preconceito manifesta-se na forma como o indivíduo só valoriza a cultura brasileira quando esta parece elegante - a que se faz presente entre as classes altas, escolarizadas -, e não aquela das camadas populares, ignorantes. A ideia de que a cultura brasileira é reles e grosseira é, parcialmente, devido ao fato de o brasileiro conhecer apenas superficialmente a maioria das manifestações culturais do país. O brasileiro precisa conhecer, de fato, toda a bagagem cultural de seu país -há tantas formas distintas de arte, ideias e comportamento espalhadas pelo Brasil-, para, assim perceber que este não é inculto ou ignorante, e talvez criar um senso de pertencimento.