Cultura e identidade são abordados na obra modernista "Macunaíma: O herói sem caráter" de Mario de Andrade o qual busca relacioná-los para definir o povo brasileiro. Embora o livro seja do século XX, a relação entre os itens supracitados é discutida, na atualidade, especialmente, no que tange à valorização da cultura na formação da identidade. Acerca desse tema, dois aspectos são pertinentes: o insuficiente conhecimento da amplitude cultural pela sociedade e a questão histórica. Salienta-se, inicialmente, que, conforme o antropólogo Roque Laraia, o ser humano não é capaz de participar de todos os elementos da cultura na qual se encontra inserido. Nesse viés, a ideia dele pode ser relacionada com a pluralidade de hábitos, crenças e tradições existentes, mas que, ainda, é pouco conhecida pelos habitantes pertencentes às diferentes regiões do Brasil. Desse modo, a ação de valorizar os aspectos culturais pressupõe apresentar a diversidade que predomina, culturalmente, às populações regionais a fim de consolidar a identidade "tupiniquim" atual. Além disso, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, no livro "Raízes do Brasil", considera que "somos desterrados em nossa própria terra". Sob essa perspectiva, o autor refere-se ao desafio de superar a supremacia da cultura europeia em relação às heranças africana e indígena que, apesar de constituírem o perfil da nação brasileira também, necessitam ser mais reconhecidas. Dessa forma, o impasse histórico trata-se de outro tópico, referente à exaltação cultural, que precisa ser mitigado, objetivando um processo de construção identitária que valorize as matrizes étnicas igualmente. Depreende-se, portanto, que é primordial contribuir para o reconhecimento da cultura como fator consolidador da identidade contemporânea. Logo, cabe ao Ministério da Educação e Cultura destinar recursos às prefeituras para que seja possível a realização de eventos com apresentações artísticas, bem como de oficinas literárias e gastronômicas. Ademais, vale ressaltar que, antes da medida ser aplicada, será necessário promover uma assembleia com a presença de parlamentares, visando discutir os meios legais para efetivá-la. Outrossim, enfatiza-se que os festivais deverão abranger as tradições das várias regiões do Estado e ocorrerão tanto em escolas quanto em praças públicas bimestralmente. Por fim, verifica-se que a proposta interventiva tem o propósito de auxiliar na valorização cultural e, por conseguinte, na construção identitária popular. Talvez, assim, a díade cultura e identidade, presente em "Macunaíma", associe-se, plenamente, em âmbito nacional.