Ao longo do processo de formação das matrizes culturais brasileiras, estruturado no amálgama de integração entre o europeu, o indígena e o africano, denota-se uma aculturação responsável por construir a identidade nacional. Embora essa perspectiva pareça ausente de problemas, as adversidades socioculturais permeiam a realidade como um mecanismo de transformação da diversidade em desigualdade, ao se colocar em detrimento o respeito às variedades, tais como o preconceito linguístico e a discriminação socioeconômica. Nesse sentido, o termo cultura possui estreita relação com o ato de educar, afinal, para tê-la e transmiti-la é preciso consciência coletiva sobre tal importância, sendo a língua o reflexo vivo desse dinamismo e da pluralidade cultural. Desse modo, respeitar as diversidades é mais do que simples direito, é necessidade. Entretanto, a visão dicotômica sobre certo e errado relacionado à competência linguística de um povo impossibilita tal processo ao acentuar o desrespeito às ações comunicativas, notadamente com relação às características associadas a grupos de menor prestígio social ou a comunidades da área rural ou do interior, no qual se encontram os seus sotaques, suas variações linguísticas e as suas expressões idiomáticas sendo depreciados por grande parte daqueles de outras regiões e de classes mais abastadas. Ademais, vale ressaltar que a transmissão de valores e de conhecimentos adquiridos por cada população garante a riqueza do patrimônio nacional, o que acontece mediante a multiplicidade étnica. Indo de encontro a isso, a sociedade brasileira permanece arraigada a uma “insociável sociabilidade”, premissa desenvolvida pelo filósofo Immanuel Kant, que se baseia na resistência por uma convivência harmoniosa na coletividade. Tal ideia é facilmente comprovada na segregação entre a cultura erudita e a popular, pautada na diferenciação econômica de cada grupo, cabendo ao primeiro maior consideração que o segundo. Sendo assim, é imprescindível que o universo de atuação sobre a promoção do respeito às diversidades seja abrangido e efetivado pela integração entre as ações regionalizadas e o Estado, redefinindo a noção de identidade e abrindo campos de discussão sobre a problemática do conceito de superioridade de culturas, a fim de desconstruí-lo. Essas ações podem se concretizar mediante a atuação do Governo Federal em parceria com a sociedade e o Ministério da Educação e da Cultura, ao lançar campanhas valorizando a pluralidade do país e trazendo histórias em quadrinhos que retratem o regionalismo e as expressões étnicas para a sala de aula, a exemplo tem-se as da Turma da Mônica e da Mafalda e cartuns do Ribs, na busca por uma diversidade como valor de uma sociedade inclusiva.