A cultura brasileira advém, como proposto por Oswald de Andrade na Semana de Arte Moderna, da antropofagia de características, da absorção de elementos dos diferentes povos formadores do país, adaptados ao meio nacional. Desse modo, a identidade cultural do Brasil se faz de maneira única, adquirindo multiplicidade a partir das diferenças regionais e dos povos que mais a influenciaram. Entretanto, por eventos como a globalização, essa cultura é por vezes, desvalorizada e engolfada por práticas em maioria europeias ou estadunidenses, perdendo sua autonomia e diversidade. Com o advento da globalização e a comunicação entre todas as localidades do globo terrestre, se tornou fácil o compartilhamento de tradições e o maior entendimento acerca delas. Contudo, o desenvolvimento tecnológico possibilitou também o surgimento da indústria cultural, que popularizada através do cinema, música, entre outros meios, consegue difundir seus produtos e padronizar, dessa forma, bens e costumes. Essa semelhança mundial resulta no empobrecimento da pluralidade global e em muitos casos, no extermínio de práticas conterrêneas não reconhecidas por essa indústria. A formação da identidade nacional, muitas vezes prejudicada pela americanização da cultura, foi grandemente ampliada na Semana de Arte Moderna, com a busca pela genuinidade brasileira. A obra “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, é um exemplo da literatura buscando por meio da crítica social, retratar a realidade brasileira, especificamente o sertão nordestino, e a sua coloquialidade. Na sociedade contemporânea, com o fortalecimento do movimento negro, a cultura afro-brasileira, antes marginalizada, adquire cada vez mais espaço, com o uso comum do cabelo afro em detrimento ao alisamento ou a roda de capoeira, registrada como Patrimônio Imaterial da Humanidade, mostrando, portanto, a maior aceitação e valorização de todos os povos que compuseram a nação, e não somente o padrão europeu. A valorização da cultura brasileira para formação de uma identidade nacional cada vez mais atuante já ocorre e se fortalece de maneira gradual, no entanto, medidas como ensino, principalmente na educação básica, das diferenças culturais e das características de cada uma delas, como por exemplo, o estudo da história afro-brasileira ou da influência dos povos indígenas nos costumes do país, contribuiriam para o reconhecimento da importância de cada etnia. Por meio do Ministério da Cultura, articular projetos para enriquecimento e continuidade de costumes de cada região, como oficinas para o ensinamento de danças particulares das localidades onde se encontram, ou mesmo de alimentos, como o acarajé e o queijo da Canastra, ambos patrimônios imateriais, auxiliariam para que não sejam perdidas suas características e retiradas do Brasil parte dessa profusão de costumes.