Os artistas da Semana de Arte Moderna de 1922, visando a recriar o cenário artístico tupiniquim, iniciaram um movimento que correspondia aos anseios dos homens de seu tempo. Nesse contexto, a dessacralização das obras, o uso de regionalismos e o foco no cotidiano levaram à valorização de uma cultura que estruturava a verdadeira identidade nacional. Tal cenário revela como a esfera cultural da sociedade é notória na construção do que é ser brasileiro, no entanto, a exaltação do estrangeiro em detrimento do local coloca em risco esse processo. A produção cultural de um povo possui importante participação na construção de sua identidade, uma vez que é o recorte histórico e ideológico de seu tempo. Como exemplo, destaca-se o Romantismo, movimento desenvolvido durante o processo de independência, que englobava valores como o nacionalismo e indianismo, objetivando a estruturação de produções genuinamente nacionais. Além disso, a função catártica da arte conduz os sujeitos a um estado de reflexão acerca da moral vigente, podendo ser impulsionadora das transformações sociais de que uma sociedade necessita. Contudo, a valorização da cultura estrangeira em detrimento da nacional coloca em cheque tais funções sociais, devido ao fato de que se absorve outros valores não correspondentes à verdadeira realidade vivenciada. Tal ocorrência é explicada por Sérgio Buarque de Holanda, que, ao tecer o termo “complexo de vira-lata”, sintetiza o sentimento de inferioridade mediante o contato com influências externas. Nesse contexto, a produção artística brasileira enfrenta grandes entraves ao seu pleno desenvolvimento, como o desrespeito aos artistas e baixos investimentos. Portanto, tendo em vista o notório papel da cultura nacional na formação da identidade de uma nação, fazem-se necessárias medidas que visem a valorizar essas produções e incentivar sua expansão. Para isso, o MEC (Ministério da Educação) deve promover palestras em escolas, que englobe alunos, pais e a comunidade, realizando um ensino crítico da arte brasileira. Ademais, a mídia deve criar campanhas que objetivem divulgar os trabalhos artísticos oriundos do país, levando a construção do respeito à camada social que produz essas obras. Em adição, o MINC (Ministério da Cultura) deve tornar mais concisos os entraves burocráticos à captação de recursos através de leis de incentivo à produção, como a Lei Rouanet, de modo com a arte deixe de ser um privilégio e passe a ser, de fato, um direito.